Empreendimento habitacional Vida Nova alcança 72,78% das obras, mas ainda há dificuldades a serem superados para garantir moradia digna e cumprimento de cronograma.
Em visita feita na sexta-feira (26 de setembro), os secretários municipais Paulo Gomes (Obras, Planejamento e Serviços Urbanos) e Gabriel Colissi (Desenvolvimento Social e Habitação), acompanhados do secretário estadual de Habitação e Regularização Fundiária, Carlos Gomes, vistoriaram o Loteamento Vida Nova. O empreendimento, com 89 unidades habitacionais, já registra 72,78% de execução, e tem previsão de entrega até 29 de novembro de 2025. O investimento é estimado em cerca de R$ 20 milhões, financiado com recursos próprios do município e verbas estaduais via o programa A Casa é Sua.
A iniciativa inicia o passo final de transformação de promessas em realidade no município. Mas, ao mesmo tempo em que supera etapas estruturais, ainda levanta questões sobre transparência, prazos e a qualidade do que será entregue. Esta reportagem explora os avanços, os riscos e o que falta para que as famílias campo-bonenses possam finalmente chamar suas casas de lar.
O que está pronto até agora — e o que resta ser feito
Das 89 unidades previstas, 83 seguem o padrão convencional e 6 foram desenhadas com adaptações para acessibilidade (PCD), indicando que o projeto busca atender diferentes perfis de beneficiários. Cada residência terá 41,24 m², distribuídos em sala com cozinha integrada, dois quartos, banheiro, lavanderia externa com tanque e espera para máquina de lavar.
Embora a execução já esteja avançada, nenhuma das casas está ocupada até o momento, conforme informado pelos gestores. Isso reforça que ainda há trabalho a ser concluído — não apenas em alvenaria, mas em etapas de acabamento, infraestrutura de sistema elétrico, redes de água e esgoto, acessos viários e possivelmente urbanização do entorno.
O acompanhamento presencial da vistoria cumpriu papel simbólico: demonstrar que o município monitora a obra de perto e reforçar compromisso com o cronograma e a qualidade. Segundo a Prefeitura, o cumprimento das próximas etapas dependerá da coordenação entre as secretarias, parceiros e da continuidade de investimentos previstos.
O contexto do investimento social e habitacional
Em um cenário regional em que déficit habitacional e dificuldades de acesso à moradia digna são problemas estruturais, iniciativas como o Vida Nova assumem caráter estratégico. Ao disponibilizar unidades com estrutura básica, incluindo acessibilidade para pessoas com deficiência, o município mostra vontade política de incluir parcelas da população historicamente excluídas.
O vínculo com o programa estadual A Casa é Sua sinaliza que o empreendimento se insere nas políticas públicas de habitação do Rio Grande do Sul. Isso pode trazer maior sustentabilidade à execução, mas também exige fiscalização mais rigorosa do lado dos beneficiários. É fundamental que cada etapa — da fundação aos acabamentos — seja acompanhada por órgãos públicos e pela sociedade civil, para evitar atrasos injustificáveis ou falhas que comprometam a qualidade de vida das residências futuras.
Onde ficam os riscos: cronograma apertado e desafios de entrega
A previsão de entrega para 29 de novembro de 2025 é ambiciosa, considerando que já se aproxima o último trimestre do ano e ainda há etapas essenciais a completar. Obras habitacionais costumam enfrentar imprevistos: chuvas, atraso no fornecimento de materiais, problemas fiscais ou financeiros. Estes riscos exigem planejamento robusto e margem de contingência.
Outro ponto sensível é o acomodamento logístico do entorno — vias de acesso, drenagem, pavimentação, iluminação pública e ligação com redes de serviços (coleta de lixo, transporte público, saneamento). Se essas conexões não estiverem prontas, as unidades ficarão “ilhas” isoladas, com moradia difícil mesmo após a entrega.
Da mesma forma, a gestão pós-entrega das residências e do loteamento será determinante: manutenção, gestão de áreas comuns e controle social da ocupação influenciarão diretamente na durabilidade do empreendimento e no bem-estar das famílias.
Expectativas sociais e o olhar da comunidade
Para os beneficiários, o Loteamento Vida Nova representa muito mais que tijolos e cimento — significa expectativa de estabilidade residencial, redução de gastos com aluguel e a consolidação de vínculos comunitários. Muitos poderão, pela primeira vez, ter uma casa própria. Mas na medida em que a moradia avança, cresce também o peso da cobrança sobre a execução: prazos devem ser respeitados e qualidade, assegurada.
É essencial que o município abra canais contínuos de prestação de contas: informar as etapas faltantes, divulgar relatórios de progresso, permitir visitas supervisionadas e garantir que beneficiários acompanhem de perto o que está sendo feito em “seu futuro lar”.
Além disso, cabe à Câmara, ao Ministério Público e à sociedade civil local exercerem papel de fiscalização — não apenas celebrar avanços parciais, mas exigir coerência nas promessas e garantias de entrega que atenda às necessidades esperadas.
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Loteamente Vida Nova: um capítulo decisivo para Campo Bom
O Loteamento Vida Nova já é um marco: 72,78% de execução mostra que a obra saiu do papel e entrou em fase decisiva. Para que se torne uma conquista inquestionável, é preciso que o cronograma se mantenha, as etapas finais sejam cumpridas com qualidade e que as famílias beneficiadas encontrem não só uma casa pronta, mas uma moradia digna, conectada e integrada à cidade.
Com informações da Comunicação/PMCB.