Está em Porto Alegre um dos únicos terminais no Brasil com acesso à web por um fio ligado diretamente na tomada
No bairro da Restinga, periferia da capital gaúcha, existe um dos únicos terminais no Brasil com acesso à internet através de um fio ligado diretamente na tomada. Um aparelho converte o sinal de internet para a rede elétrica, que depois é reconvertido por outra máquina, similar a um modem. Ali, o computador é conectado normalmente.
Para Luis Cunha, assessor de Relações Institucionais da Procempa e coordenador do projeto, uma das vantagens de transmitir dados pela rede elétrica é que 98% das residências do Brasil têm acesso.”Pegamos um bairro afastado, que tem 120 mil habitantes. Apesar disso, não há cabeamento para internet rápida, porque não daria lucro. Puxamos um cabo de fibra ótica até lá e acoplamos na rede elétrica”, conta o assessor.
O acesso discado à internet, como funciona em boa parte das residências brasileiras, tem uma velocidade de 56 mil bites por segundo (56 Kb/s), normalmente. Utilizando a rede de cabos, chega a 2 milhões de bites por segundo (2 Mb/s). A internet pela rede elétrica testada em Porto Alegre funciona a 45 milhões de bites por segundo, e será trocada, em breve, por um acesso de 200 milhões de bites por segundo, diz Cunha.
Segundo Cirano Iochpe, assessor de Projetos Especiais da Procempa e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o desafio técnico agora é fazer essa rede ter uma performance adequada.
“Até hoje, esses pequenos projetos do Brasil usavam uma tecnologia que não era adequada ao Brasil. No Brasil, o sinal perde força, tem ruídos. Os novos equipamentos têm filtros eletrônicos para manter o sinal forte e reduzir as interferências – que, no Brasil, são enormes”, conclui Iochpe.
Em um prédio com acesso pela rede elétrica, é possível tirar o computador de uma tomada e ligar em outra, por exemplo. A Procempa já faz testes para dois tipos de usos: telemedicina, para organizar consultas em centros médicos que possam ser realizadas em hospitais distantes com auxílio do vídeo. E como canal de retorno para interatividade da TV digital. Enquanto a TV digital seria transmitida por antenas, a interatividade poderia ser feita pela rede elétrica.
Tanto Iochpe quanto Cunha, afirmam que a rede elétrica ainda não foi pensada comercialmente, como modelo de negócio. “No início, pelo menos, não queremos competir com os provedores normais, apenas levar acesso a programas sociais, como telecentros e centros de saúde”, afirma Iochpe.
Fonte: Agência Brasil