Bianca Lima, uma atleta que precisava amarrar o remo às mãos devido à ausência de alguns dedos, impressionou Fernando Fernandes, ex-participante do Big Brother Brasil (BBB) e atleta de paracanoagem. O ano era 2010 e ele a convidou para o Campeonato Brasileira.
A determinação da jovem a levou a conquistar a medalha de ouro e o seu sucesso inspirou a criação da Associação Leopoldense de Ecologia e Canoagem (Aleca), no ano seguinte, projeto desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação de São Leopoldo com o objetivo de oferecer suporte e estrutura aos atletas.
A partir de então, o trabalho da Aleca começou a render frutos. Em 2023, a equipe conquistou 24 medalhas, com 15 de ouro, sete de prata e duas de bronze no Brasileiro de Canoagem Velocidade e Paracanoagem em Lagoa Santa (MG). Na ocasião, três atletas, Herick Lopes Rafaelli, Rauany de Oliveira Gomez e Giovana Rocha foram convocados para representar o Brasil no Sul-Americano de Canoagem de Velocidade e Paracanoagem.
Agora, os atletas se preparam para retornar ao Brasileiro em MG, entre 10 e 15 de setembro. No entanto, após todos da equipe serem atingidos pelas enchentes de maio, a delegação precisa arrecadar R$ 10 mil para cobrir as despesas da viagem. Para isso, abriram uma vaquinha online – veja como ajudar.
A chefe da equipe e coordenadora do projeto Canoagem na Escola, Daniela Maioli, explica a missão da Aleca é criar oportunidades.
“É uma forma de abrir as portas para eles, dar oportunidades. Isso é evidenciado pelos nossos três atletas do ano passado que foram convocados para representar o nosso país no Sul-Americano, onde conquistaram medalhas para nossa cidade”, ressalta.
Daniela também conta como foi enfrentar as enchentes durante as preparações para o campeonato. “Foram mais de 20 dias debaixo da água, perdemos quase tudo e estragou toda a nossa programação. Nossa ideia era levar uns 30 atletas para o campeonato, com a categoria de base inteira”, diz.
Jovem pensou em abandonar a canoagem após enchentes: “Impacto na minha vida”
Na preparação para o Brasileiro, Nicolas Bianchi Agostini, 14 anos, vai disputar o primeiro campeonato de canoagem.
“As enchentes tiveram um impacto muito grande na minha vida, o que me fez até pensar em sair da canoagem para ajudar mais em casa. Mas depois de conversar com a nossa coordenadora, decidi continuar. Tivemos que nos virar agora para conseguir participar da competição, mas vamos tentar fazer o nosso melhor e trazer uma medalha para a equipe”, afirma.
Mãe de Nícolas, Lourdes Bianchi conta as dificuldades que a família passou. “Sou viúva e tenho dois filhos, o Nícolas, de 14, e o Leo, de 11. Após as enchentes, como faz três anos que o pai deles faleceu, o Nícolas começou a pensar em largar a canoagem para me ajudar mais em casa. Ele sempre foi do esporte, assim como o pai dele, que sempre o incentivou muito. Quando ele quis desistir, conversei com a Dani e o Eliezer. Graças a eles, o Nícolas está animado para a sua primeira viagem sozinho com a equipe. Eles conseguiram convencê-lo a continuar”, frisa Lourdes.
Rauany Gomes, 19, é uma das “veteranas” da equipe e foi convocada para representar o Brasil no Sul-Americano de Canoagem em 2023. Na Aleca desde 2016, ela diz que o esporte se tornou a vida dela, proporcionando conhecer pessoas e lugares incríveis.
“Todos enfrentam desafios em qualquer esporte, e a canoagem não é diferente. Lidamos com mudanças climáticas, remando em dias chuvosos ou extremamente quentes. Minhas vitórias têm sido especiais, pois sempre celebro com a equipe. Já participei de vários campeonatos, cada um trazendo experiências novas que eu amo.”
A delegação da Aleca
- Chefe da equipe: Daniela Maioli
Técnico: Elieser Silveira de Vargas - Atletas
Giovana Rocha, 18 anos
Giovana Luz, 21
Rauany Gomes, 19
Herick Lopes, 18
Richard Farias, 18
Andrei Rigote, 16
Alan Silveira, 15
Matheus Geraldo, 15
Lauan Marques, 15
Kaua Henrique, 16
Nicolas Bianchi, 15
Emely Izaguirre, 16
Viviane Fernandes, 15
Mariana Teixeira, 15
Emily Lopes, 12
Gustavo Grubert, 12