Lideranças empresariais discutem em Novo Hamburgo os desafios do setor coureiro-calçadista, a força da FENAC, da Tecnomoda, inovação e o avanço das tecnologias como a impressão 3D e a inteligência artificial
A edição do programa Estação Hamburgo, realizada em 22 de setembro, reuniu lideranças de peso da economia regional para discutir inovação, indústria e os rumos das feiras de negócios no Vale do Sinos. Participaram da bancada o presidente executivo do IBTeC, Valdir Soldi; o presidente da FENAC, Marlos Schmidt; o empresário, lider associativo e vice-prefeito de Novo Hamburgo, Gerson Haas; e o empresário Ricardo Michaelsen, idealizador da feira Tecnomoda, em Ribeirão Preto.
O encontro, conduzido por Rodrigo Steffen, trouxe à tona questões centrais para o desenvolvimento da região: o papel da FENAC como espaço estratégico para eventos de alcance internacional, a necessidade de qualificação da mão de obra, o setor coureiro, os curtumes, a relevância da exportação de couro e calçados e o impacto das novas tecnologias no setor.
IBTeC aposta no Fórum de Inovação
Abrindo o debate, Valdir Soldi destacou o 11º Fórum de Inovação do IBTeC, marcado para 9 de outubro no Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) de Novo Hamburgo. A expectativa é reunir cerca de 150 pessoas para palestras e painéis sobre indústria 4.0, impressão 3D, comércio eletrônico e tendências em equipamentos de proteção individual (EPIs).
“Será um espaço para debater temas do momento e oferecer informações práticas às empresas, desde as grandes até as pequenas. A inovação precisa estar acessível a toda a cadeia produtiva”, ressaltou Soldi.
Segundo ele, a aposta do IBTeC é justamente aproximar pesquisa, tecnologia e mercado.
Fenac: entre tradição e reinvenção
Marlos Schmidt, que assumiu a presidência interina da Fenac, reforçou o compromisso da instituição em manter o calendário de grandes eventos, como a Feira da Loucura por Sapatos, que ocorre de 2 a 12 de outubro.
“Nosso foco é garantir entregas de qualidade. A Fenac tem uma equipe experiente e preparada, e nossa missão é manter a relevância do espaço como polo de negócios e inovação”, afirmou.
O dirigente lembrou que a Fenac já foi referência mundial em feiras do setor coureiro-calçadista, e que o desafio atual é equilibrar tradição e inovação, considerando diferentes públicos e necessidades, oferecendo experiências diferenciadas tanto para expositores quanto para visitantes.
Tecnomoda: descentralização das oportunidades
De Ribeirão Preto, Ricardo Mikaelsen trouxe sua experiência com o couro e na própria Fenac, à frente da Tecnomoda, feira voltada a componentes e materiais para o setor de calçados e moda. Segundo ele, o objetivo é atender polos industriais fora do eixo Sul–Sudeste, permitindo que pequenos fabricantes tenham acesso a tendências e novos negócios sem precisar se deslocar para os grandes centros.
“O pequeno empresário é quem compra, produz e vende. Ele não pode ficar dias fora de sua fábrica. Por isso, criamos a Tecnomoda para levar conhecimento e oportunidades até onde esse público está”, explicou.
Caminhando para sua terceira edição, a feira já atraiu milhares de visitantes e se consolidou como um dos principais eventos B2B do segmento no América Latina.
Empresário e vice-prefeito defende protagonismo regional
O empresário de Novo Hamburgo, Gerson Haas, destacou a importância de valorizar os talentos locais e de investir na educação técnica como motor para o desenvolvimento econômico. Ele citou a força de instituições como a Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, o Senai, o Instituto Federal (IFSul) e a Universidade Feevale, que têm atuado na qualificação de jovens para o mercado.
“Temos orgulho das nossas instituições de ensino. Elas formam profissionais que abastecem a indústria local e ajudam a manter o Vale do Sinos competitivo em nível nacional e internacional”, afirmou Haas.
Ele também reforçou apoio à gestão da Fenac e destacou a necessidade de políticas que estimulem inovação e empreendedorismo, garantindo que Novo Hamburgo siga como referência no setor.
Impressão 3D e inteligência artificial: algumas das novas fronteiras
Um dos pontos altos do debate foi a reflexão sobre o uso da impressão 3D e da inteligência artificial na indústria. Marlos Schmidt destacou que a Fimec, maior feira do setor em Novo Hamburgo, já apresenta soluções em protótipos de solados e calçados personalizados produzidos em 3D, enquanto empresas locais avançam em novas matérias-primas que ampliam a flexibilidade e a aplicabilidade da tecnologia.
Valdir Soldi acrescentou que a IA já começa a ser explorada no setor coureiro-calçadista, embora de forma incipiente. Ele citou que o Fórum de Inovação do IBTeC terá painéis dedicados ao tema, reforçando a urgência de capacitar empresas e trabalhadores para lidar com essas transformações.
Educação e inovação de mãos dadas
Outro destaque do programa foi a Mostratec, feira internacional de ciência e tecnologia realizada pela Liberato, que neste ano promete reunir mais de 1.800 jovens pesquisadores. Para os debatedores, eventos como esse demonstram a vitalidade da região e o potencial de formar novas gerações preparadas para enfrentar os desafios do futuro.
“O brilho no olho dos jovens apresentando seus projetos é o melhor retrato da nossa capacidade de inovar. Precisamos valorizar e apoiar cada vez mais essas iniciativas”, afirmou Schmidt.
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Convergência de esforços
Ao longo da noite, ficou clara a percepção de que o futuro da indústria regional depende da soma de esforços entre empresas, universidades e instituições de ensino, poder público e entidades de classe. O Vale do Sinos, berço de tradições e inovações no setor calçadista, busca reafirmar sua posição como protagonista em inovação e competitividade.
Seja pela consolidação de feiras internacionais, pela difusão de tecnologias emergentes ou pelo investimento em educação, a mensagem que ficou é a de que a região precisa se reinventar continuamente para manter sua relevância no cenário global.