Acusado de assédio sexual contra uma adolescente que ele havia empregado na paróquia de Canela, o padre Vanderlei Barcelos de Borba, de 49 anos, foi afastado da chefia da igreja na cidade serrana. A Diocese de Novo Hamburgo tomou a decisão no sábado (24), quando a reportagem do jornalista Silvio Milani, do ABC, revelou o caso, e confirmou nesta segunda-feira (26) por meio da Ouvidoria Canônica. O sacerdote nega o crime e se diz vítima de vingança por ter demitido a menor e a mãe dela da paróquia. “É tudo mentira”, disse ele.
O afastamento, conforme a Diocese, é medida de proteção ao padre. “Diante do exposto acusando o sacerdote como réu, a Igreja achou por bem tirá-lo provisoriamente da administração da Paróquia para melhor cuidar dele e não deixá-lo exposto antes do veredito final da Justiça, na qual confiamos que será feita”, se manifestou nesta segunda o coordenador da Ouvidoria, padre Euripedes Ferreira.
Já no sábado, a Diocese emitiu nota em que garante o compromisso de verificar todas as denúncias de abuso sexual de membros da igreja contra menores e pessoas em situação de vulnerabilidade. “No caso particular, descrito pela reportagem do Jornal ABC no dia 24 de setembro, é importante dizer que a Diocese de Novo Hamburgo tão logo teve conhecimento da denúncia do suposto assédio tratou de entrar em contato com as partes envolvidas.” No comunicado, diz ainda que “a Ouvidoria Canônica não encontrou elementos sólidos que pudessem caracterizar a confirmação da acusação”. E observa: “Todavia, foi expedida de imediato uma medida cautelar sobre o referido sacerdote proibindo-o de aproximar-se ou manter qualquer contato, seja pessoal ou através de mídias eletrônicas com as partes envolvidas e seus familiares até que a justiça comum pudesse apurar os fatos”.
A ação penal foi aberta em junho, quando a juíza Simone Chalel recebeu a denúncia do Ministério Público contra o padre. “A denúncia se encontra formalmente regular, contendo a exposição do fato criminoso, com todas as circunstâncias, a qualificação do acusado e a classificação do crime, de modo que atende aos requisitos”, despachou a magistrada. A primeira audiência está marcada para 13 de dezembro.
“Vanderlei Barcelos de Borba constrangeu a vítima com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se da sua condição de superior hierárquico, inerente à sua função de responsável pela casa paroquial”, despachou o promotor Paulo Eduardo Vieira.
Barcelos se defende: “essa acusação é um absurdo. A verdade vai vir à tona. Incorri no erro de trazer para a paróquia essas pessoas”. Ele ainda disse que vai provar a inocência, e que demitiu a jovem e sua mãe por irregularidades trabalhistas que estavam sendo cometidas por elas.
