Por DuduNews
A pergunta que inicia essa crônica é, com certeza, o sentimento de vários hamburguenses e pessoas que vivem o dia a dia de nossa cidade. Você lê, aqui, no valedosinos.org e DuduNews, diariamente, casos de bandidos, sejam eles presos ou soltos, por terem ou estarem cometendo novos crimes na cidade.
Ontem, um exemplo, que você viu foi de um criminoso, de 33 anos, detido por roubar dezenas de carros de luxo. Não foram nem uma, duas, ou três ocorrências; e não só em Novo Hamburgo. Além disso, a ficha criminal do indivíduo era extensa. Após investigação de algumas semanas, a polícia chegou no seu nome. E o deteu.
Mas, a representante do Ministério Público observou, no entanto, que o flagrante não deveria ser convertido em prisão preventiva e manifestou-se pela concessão da liberdade provisória. O argumento: os furtos foram cometidos “sem violência ou grave ameaça à pessoa”. Também é o argumento da defesa. A juíza plantonista do Nugesp, Priscila Gomes Palmeiro, homologou o flagrante e expediu alvará de soltura sem qualquer restrição.
A magistrada determinou apenas as formalidades habituais: “Compromisso de manter o endereço atualizado, comparecer aos atos do processo”, dentre outros aspectos. Preso na noite, solto, menos de 24 horas depois da prisão.
E esse não é o único caso: o homem que baleou um policial no bairro Canudos, no dia 10, estava sob uso de tornozeleira, no semiaberto; o criminoso que foi roubou uma lancheria, carros e vários pedestres, os ameaçando com uma arma, também no dia 10, estava no semiaberto. Todos em semi-liberdade ou liberdade provisória, cumprindo penas irrisórias dentro de suas punições.
Ontem, também mostramos o caso de dois assaltos, cometidos por uma mesma dupla de criminosos, sendo um no bairro Operário e outro no bairro Primavera. Trabalhadores tiveram armas apontadas para sua cabeça.
Com esses relatos, penso: isso é justo com o trabalhador, com o hamburguense, e, até mesmo, com as forças policiais? Essas pessoas, que ambas foram roubadas e ameaçadas nesses e em outros diversos crimes – por que não são pequenos casos, por exemplo, sofrerão com o trauma, com a violência e com o medo de novos crimes.
E o judiciário e o MP, como um todo, precisam enxergar isso. As pessoas, a cidade, e toda nossa comunidade, sabem disso: assaltos, sim, podem se tornar em grandes tragédias. Foi assim que um motorista de Uber quase perdeu a sua vida no dia 7 de agosto, quando levou um tiro na cabeça. Os bandidos, talvez, não quisessem “cometer violência”, mas cometeram. E fizeram que um trabalhador lutasse pela vida durante intensos 20 dias, numa UTI, dando a volta por cima e estando, hoje, vivo, podendo contar e afirmar isso.
Quando leio tais argumentos, quem questiona a pergunta do título se preocupa, com sinceridade. E não me preocupa somente no sentido emocional, mas no sentido da razão: e o trabalho da polícia e dos policiais que atuam nessas áreas, onde entra nestes quesitos? Qual o risco que esses sargentos, soldados, agentes, delegados, dentre tantas outras coisas, sofrem para chegarem até um meliante? Penso eu nas próximas 24 horas, quando toda investigação parece ficar somente em papéis, quando muitos acusados voltam às ruas, cometendo crimes novamente, botando em risco a sua vida, da sociedade e das forças de segurança.
Antes de encerrar, preciso dizer: eu era muito jovem, muito mesmo, mas nunca vou esquecer a atuação do Paz Novo Hamburgo, que unia a nossa cidade para buscar e lutar pela solução desses 3 problemas que disse aqui: semiaberto e liberdade condicional, violência, e mais força e dignidade para a polícia, que está 24 horas nas ruas. O PAZ buscou a extinção do regime semi aberto, mas…. o projeto foi arquivado.