O governador Ranolfo Vieira Júnior recebeu, na manhã desta segunda-feira (16), uma comitiva de Novo Hamburgo para falar sobre a situação da oncologia em Novo Hamburgo e sua saída do Hospital Regina, e ida para o Hospital Bom Jesus, em Taquara.
Na reunião, estiveram presentes o deputado Lucas Redecker (PSDB), vereadores da comissão da oncologia, além da Liga Feminina de Combate ao Câncer (LFCC). A prefeita Fátima Daudt foi representada pelo secretário da Saúde de Novo Hamburgo, Marcelo Reidel. A prefeita esteve visitando, hoje pela manhã, o início das obras do Anexo 2 do Hospital Municipal, que pode vir ser a oncologia SUS (leia mais abaixo).
Após ouvir os relatos dos Vereadores, da Liga Feminina de Combate ao Câncer, do Hospital Regina e dos deputados presentes na reunião, o Governador determinou que seja realizado um estudo técnico para saber o quanto de recursos serão necessários para a permanência dos serviços no Hospital Regina.
“Esse assunto é complexo, especialmente, por estar judicializado. Não tem como eu chegar e dizer ‘vamos fazer assim ou assado’. Mas eu me comprometo em, até dez dias, comunicar a decisão final do Governo em relação à situação da oncologia em Novo Hamburgo. Quero ouvir a área técnica para saber até que ponto podemos avançar”, disse Ranolfo.
O secretário municipal de Saúde de Novo Hamburgo, que representou a prefeita Fátima Daudt na reunião desta manhã com o governador Ranolfo Vieira Júnior, destaca que a situação atual foi exposta ao grupo presente. “Não houve novidades em relação à situação atual. A decisão do Hospital Regina pelo descredenciamento do atendimento oncológico via SUS é que resultou na nova referência para Taquara. A Prefeitura de Novo Hamburgo segue garantindo o atendimento aos pacientes portadores de câncer onde for necessário e seguirá com este foco. Ao mesmo tempo, conforme determinação da prefeita Fátima Daudt, estamos iniciando estudos para trazer em definitivo o atendimento oncológico a Novo Hamburgo, no Hospital Municipal que é 100% SUS, eliminando a dependência com instituições privadas nesta área”, disse o secretário.
“Saí de lá esperançoso de que a oncologia volte para Novo Hamburgo”, comentou o presidente do Legislativo, Cristiano Coller. Para o presidente da comissão especial, Enio Brizola, ficou expresso o esforço do Hospital Regina e da Liga em manter o serviço oncológico em Novo Hamburgo e também a disposição do governador em avaliar tecnicamente a situação, já que ele determinou estudo para a área responsável. “Vou continuar acompanhando a situação com a comissão especial da Câmara e as outras entidades envolvidas na expectativa de criarmos uma opção transitória até a implantação de um serviço 100% SUS em nossa cidade”, concluiu o parlamentar.
Presente à reunião, a presidente da Liga Feminina de Combate ao Câncer, Regina Dau, explicou a necessidade de trazer de volta a oncologia SUS para o município ainda neste período de transição, que encerra no dia 26 de maio, quando o Hospital Bom Jesus, de Taquara, assume integralmente os atendimentos. “Há interesse em construir dentro do Hospital Municipal uma oncologia. Mas quantos anos isso vai durar? Três, cinco anos? Neste período de transição, sugerimos um contrato emergencial com o Hospital Regina. Lá já está tudo montado e pronto. A instituição hamburguense já sinalizou como positiva essa opção. Nós tínhamos a oncologia SUS como referência. Essa transferência para Taquara é dolorida. E apresenta várias fases. São cerca de 40 quilômetros. Câncer é uma doença grave e há estudos que comprovam que, quanto mais perto de casa um paciente for tratado, maiores são as chances de cura”, explicou. Regina afirmou ainda que a Prefeitura está colocando diariamente vans à disposição dos doentes em tratamento. “Não tirando o mérito de Taquara jamais, mas precisamos nos unir, porque a causa é única. Precisamos nos unir por mil moradores pobres e carentes. A comunidade está clamando por isso”, disse a presidente, ressaltando que o grande objetivo é a oferta do tratamento no Hospital Municipal.
Diretora-executiva do Hospital Regina, Gisele Albaneo afirmou que a instituição se colocou à disposição para a prorrogação do contrato por mais seis meses. “Quando o Estado redirecionou os municípios de Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha e Ivoti para Taquara, causou um desequilíbrio econômico-financeiro muito grande e não pudemos sustentar a proposta”, falou. Giseli argumentou que o Regina pode dar continuidade aos atendimentos, firmando um novo contrato, mas com um valor que dê conta de todos os atendimentos realizados. “No momento, não temos mais nenhum paciente em tratamento conosco. Seria preciso reorganizar e reconstruir esse serviço. Não havia defasagem em nossos atendimentos; pelo contrário, sempre atendemos 40% a mais do que era contratado – 62 novos acessos por mês desde 2015 e todo o tratamento por quantos anos fossem necessários, inclusive na emergência. Isso seguindo a tabela SUS. Mas temos uma questão de sustentabilidade institucional. Somos reconhecidos por isso, por não apresentar nenhum procedimento em defasagem. Se nos apresentarem uma proposta de transição, nos colocamos à disposição. Mas queremos a garantia integral de recebimento dos valores para atender os pacientes”, salientou.
O advogado da congregação, Fábio Kinsel, complementou ressaltando que o paciente com câncer demanda outros tratamentos e serviços e que essas situações correspondem aos 40% que nunca foram pagos. “Tivemos um prejuízo anual de R$ 13 milhões. Podemos incorrer em crime fiscal em função disso. Juridicamente, não posso aceitar um contrato sem equilíbrio econômico-financeiro. Não há problema firmar outro contrato emergencial, desde que respeitado esse fator”, destacou.
ANEXO 2
A prefeita Fátima Daudt esteve presente, na manhã de hoje, no Hospital Municipal de Novo Hamburgo (HMNH). Lá, a prefeits visitou as obras do Anexo 2 – que poderá vir a abrigar a Oncologia SUS. “Junto às obras, estamos realizando estudos técnicos para trazer a oncologia SUS para o Hospital Municipal, já no Anexo II. É fundamental não ficarmos dependentes de decisões de privados para esse tipo de atendimento”, disse a prefeita.
Sobre prazos, não mensurou, pela complexidade e tamanho da obra. “Sobre as obras, é impossível falar em prazo exato de conclusão, pois temos de seguir o ritmo e as particularidades do hospital. As equipes envolvidas estão comprometidas em entregar a melhor estrutura para os pacientes no menor tempo possível, com o mínimo de impacto no dia a dia hospitalar”, afirma.