Programa reuniu as especialistas Cla Weber e Denise Rosa em uma conversa franca sobre gestão de pessoas, liderança, comportamento, comunicação e a necessidade de adaptar empresas e profissionais às novas dinâmicas humanas e tecnológicas.
No dia 17 de outubro de 2025, o programa Estação Hamburgo, da Vale TV, promoveu um bate-papo atual e necessárias do cenário corporativo: os desafios da gestão de pessoas em um mundo em constante transformação, onde convivem, pela primeira vez na história, cinco gerações diferentes dentro do mesmo ambiente de trabalho.
Com mediação de Gio Dias, a edição contou com a presença das especialistas Cla Weber, mentora e coach empresarial, e Denise Rosa, treinadora e consultora em comportamento e desenvolvimento humano. O diálogo — que mesclou vivência prática, emoção e provocações — apontou caminhos para empresários, líderes e colaboradores que buscam compreender o papel das relações humanas como diferencial competitivo nas empresas do Vale do Sinos e de todo o Rio Grande do Sul.
Cinco gerações, um mesmo ambiente: o maior desafio da era corporativa
Logo no início do debate, o apresentador Gio Dias destacou um dado inédito: “Nunca na história da humanidade tivemos cinco gerações convivendo simultaneamente no mercado de trabalho. E com elas vêm também cinco formas completamente diferentes de enxergar o mundo, o trabalho e as relações.”
As convidadas concordaram que o maior desafio dessa convivência e da gestão de pessoas está na comunicação — e, mais profundamente, na capacidade de cada geração compreender a cultura da outra.
“O mundo é feito de pessoas, e gerir pessoas é entender, acolher, conviver e ajudar no crescimento de cada uma delas”, explicou Denise Rosa, que atua há mais de uma década na área de Recursos Humanos. “A gestão de pessoas é um ato de empatia e profissionalismo. É entender de perfis, emoções e histórias. Não é mágica — é dedicação, escuta e desenvolvimento.”
Já Cla Weber observou que o problema central está no distanciamento cultural e emocional entre gerações.
“O mais velho aprendeu de um jeito e viveu outro tempo. O mais jovem é digital, ágil e tem outra percepção. Enquanto um ouve música com fone e produz, o outro acha que ele está disperso. Falta compreensão do contexto, do perfil e da evolução das formas de trabalhar.”
O peso da cultura e a necessidade de atualização
O debate evidenciou que, especialmente em Novo Hamburgo e no Vale do Sinos, regiões marcadas por uma forte tradição industrial e calçadista, a cultura corporativa ainda é um obstáculo para a inovação nas relações humanas.
“Temos empresas com profissionais há 30, 40 anos na mesma função, entregando resultado, mas resistindo a mudanças. Isso é compreensível, porque o resultado valida a prática. Mas será que esse resultado é, de fato, o mais efetivo? Hoje, é preciso repensar o que é sucesso: produtividade sozinha não basta — é preciso entender de comportamento, propósito e perfil”, destacou Denise.
Ela pontuou que muitas organizações ainda “jogam pessoas para dentro da empresa” sem compreender suas competências e desejos, o que gera altos índices de turnover e desmotivação. “O empresário precisa entender que não basta contratar — é preciso manter. E isso exige cultura, treinamento e uma gestão que valorize o autoconhecimento.”
Liderança humanizada: o desafio da empatia
A conversa também abordou o papel dos líderes. Cla Weber reforçou que a liderança moderna exige autoconhecimento e inteligência emocional:
“O líder precisa olhar atentamente para as pessoas. Quando ele cuida de uma pessoa, o resultado vem. Mas muitos ainda se colocam num pedestal, acreditando que liderança é poder, quando na verdade é influência, acolhimento e escuta.”
Para Cla, o medo de formar novos líderes é um dos grandes entraves à evolução organizacional. “Há gestores que evitam capacitar suas equipes porque temem perder talentos para o concorrente. Mas, quando alguém cresce, isso também é mérito de quem formou. Liderança é legado.”
Denise complementou: “Gestão de pessoas é sobre o sucesso coletivo. O resultado não é apenas financeiro — é humano. É sobre reduzir atestados, diminuir o estresse e criar ambientes onde as pessoas se sintam bem.”
Metas, pressão e a geração do equilíbrio
Um dos momentos mais intensos do programa foi quando Gio Dias provocou as convidadas sobre o futuro das metas corporativas, diante de uma geração que prioriza a saúde mental e rejeita a pressão excessiva.
Denise foi direta:
“A geração mais nova é conhecida como ‘geração do mimimi’, mas não está errada. Ela aprendeu a se colocar em primeiro lugar. Nós fomos criados para aguentar pressão, para trabalhar até doer. Eles não. E a verdade é que não estamos mais preparando pessoas para lidar com metas e pressão, porque isso começa na infância. As crianças não têm mais nota, não competem, não têm limites claros — e chegam ao mercado despreparadas para frustrações.”
Cla concordou e apontou para um colapso emocional coletivo. “O mal do século é a depressão. Temos jovens de 13 e 14 anos em sofrimento, automutilação, isolamento. Os pais estão ausentes, sobrecarregados, e os filhos pedem socorro. A NR1, nova norma de segurança e saúde mental no trabalho, vem justamente para forçar as empresas a olhar para isso.”
Segundo as especialistas, as empresas precisarão reinventar suas formas de motivar, equilibrando propósito, bem-estar e produtividade.
Gamificação e propósito: o novo caminho para engajar
Como alternativa às metas tradicionais, Denise Rosa apresentou uma tendência crescente no mundo corporativo: a gamificação.
“As grandes empresas entenderam o jogo. Em vez de impor metas e pressão, criam desafios internos como se fossem games. As equipes competem em atividades de saúde, produtividade e inovação, acumulando pontos e recompensas. Isso reduz atestados, melhora o clima e transforma a cultura. É produtividade com leveza.”
Ela citou exemplos reais, como empresas que promovem corridas e desafios entre setores, com prêmios coletivos — de ingressos para shows a viagens. “Quando o trabalho vira um jogo saudável, o colaborador se engaja. Ele não está apenas cumprindo uma meta, mas participando de algo que o motiva.”
A geração que precisa ser ouvida
Apesar das críticas, as convidadas defenderam que na gestão de pessoas a nova geração não deve ser tratada como um problema, mas como uma oportunidade de evolução social e corporativa.
“Ao invés de tentar fazer os jovens se encaixarem no nosso mundo, precisamos entrar no deles. Eles são o futuro. O papel do líder e do gestor é aprender a escutar e compreender o que move essa geração”, afirmou Denise.
Cla completou: “Essa geração é leve, criativa, sensível. Eles não suportam a rigidez porque nasceram na liberdade. E, se formos capazes de acolher essa energia, eles vão nos ensinar a sermos mais humanos.”
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Gestão com propósito: de Novo Hamburgo para o mundo
O debate reforçou que Novo Hamburgo e o Vale do Sinos, regiões de tradição empreendedora e industrial, estão diante de um novo desafio: atualizar a mentalidade empresarial sem perder o DNA comunitário que sempre as caracterizou.
“O futuro das empresas não está só na inovação tecnológica, mas na inovação humana. Quem entender isso primeiro, vai prosperar”, concluiu Gio Dias.
No encerramento, Cla Weber convidou o público para o evento Imersão das Águias, em Novo Hamburgo, destinado a mulheres empreendedoras. Denise Rosa anunciou o Workshop Impulso Empresarial, em Campo Bom, com foco em vendas, pessoas e inteligência emocional — ambos exemplos de como a região vem se tornando referência em gestão humanizada e desenvolvimento pessoal.
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O Estação Hamburgo é um programa exclusivo da Vale TV. Exibido ao vivo, de segunda a sexta-feira, das 20h às 21h, o programa reúne convidados em uma bancada de debates que analisa temas de interesse público. Desde 2015, o Estação Hamburgo se consolidou como um espaço plural e democrático, voltado à comunidade, com pautas que abrangem política, cultura, sociedade e as principais questões da região.
O Estação Hamburgo tem o patrocínio de Calçados Beira Rio 50 anos, Construtora Concisa, Exatus Contabilidade, Merkator Feiras e Eventos e Coworking 360.
Debate realizado no dia 17 de outubro de 2025, no programa Estação Hamburgo, apresentado por Gio Dias, na Vale TV.
