Gramado sediou a Geronto Fair 2025, encontro que colocou a longevidade e a economia prateada no centro do debate nacional.
Com o aumento da expectativa de vida no Rio Grande do Sul — o estado mais longevo do Brasil, onde 21% da população já tem 60 anos ou mais —, a Geronto Fair reforçou seu papel de hub de ideias e negócios voltados à longevidade. O evento destacou como empresas, governos e instituições precisam se preparar para atender a essa nova realidade demográfica.
Em debate no Estação Hamburgo, da Vale TV, apresentado por Rodrigo Steffen, um dos curadores de conteúdo da feira, Martin Henkel, CEO da Senior Lab, lembrou que o evento criou um conceito nacional em 2018 e hoje se consolida como referência. “A Geronto Fair nasceu para organizar um mercado que estava latente. É um espaço de encontro entre empresas e sociedade para pensar soluções de futuro”, destacou.
Soluções para um novo tempo
O diretor executivo da Sicredi Pioneira, Solon Stahl, trouxe provocações sobre o impacto da longevidade nas relações de trabalho e na vida em comunidade. Para ele, o mundo vive uma mudança de era: “somos a primeira geração a conviver com cinco gerações distintas ao mesmo tempo. Isso traz desafios de convivência, mas também grandes oportunidades de aprendizado e inovação”.
Exemplos práticos já se multiplicam. A própria cooperativa criou uma área dedicada ao público 60+, com gerentes especializados em Novo Hamburgo e outras cidades do Vale do Sinos, reforçando o vínculo comunitário.
Desafios sociais e culturais
Outro ponto central foi a solidão entre idosos, tema abordado com preocupação pelos painelistas. Segundo dados citados no evento, quase seis milhões de idosos vivem sozinhos no Brasil, o que exige novas políticas públicas e iniciativas privadas. “Cuidar das pessoas não pode ser tarefa apenas das famílias ou do poder público. É missão de toda a comunidade”, reforçou Solon.
A diretora da Merkator Feiras e Eventos, Roberta Pletsch, a Beta, destacou a diversidade da programação: “não falamos só de saúde, mas também de moda, turismo, lazer, bem-estar, consumo e políticas públicas. Queremos provocar um olhar mais amplo sobre o envelhecimento ativo e produtivo”.
Exemplos inspiradores
Histórias como a da americana de 83 anos que doou quadras de pickleball para a Prefeitura de Gramado simbolizam o espírito da feira: gerar comunidade, pertencimento e saúde por meio de práticas coletivas. Hoje, a iniciativa já reúne mais de cem praticantes e inspira novos projetos semelhantes.
Outro exemplo citado foi o da cooperativa “Olhares de Hamburgo”, de Novo Hamburgo, formada por mulheres acima de 60 anos que transformaram encontros em torno do chimarrão em um negócio de bolsas e acessórios de couro reaproveitado, com apoio do programa Aceleracoop, da Sicredi.
Negócios e perspectivas
Apesar da atmosfera cultural e comunitária, a Geronto Fair manteve sua essência B2B, conectando empresas do setor de saúde, nutrição, arquitetura, turismo e serviços. Para Martin Henkel, o mercado brasileiro passa por uma curva de aprendizagem: “As empresas estão entendendo que precisam se comunicar de forma diferente com esse público e oferecer produtos e serviços alinhados a seus desejos. Estamos apenas no início dessa jornada”.
A feira também reforçou a valorização dos profissionais de cuidado. Comparando tendências internacionais, os debatedores apontaram que enfermeiros e cuidadores poderão ser mais valorizados que médicos ou programadores de software no futuro, pela importância insubstituível do toque humano e da presença.
Um movimento em expansão
Com palestras, fóruns temáticos e apresentações culturais — como grupos de hip-hop e corais formados por pessoas 60+ —, a feira se consolidou como mais que um evento, mas como um movimento em defesa da longevidade ativa e do respeito às diferentes gerações.
Para Beta Pletsch, o sucesso da edição 2025 é apenas o começo: “a sinergia entre parceiros e o interesse das empresas mostram que a Geronto Fair tem potencial de crescimento maior até do que outros eventos já consolidados da Merkator. O assunto entrou definitivamente na pauta das organizações e da sociedade”.
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Vale do Sinos presente
O protagonismo regional também esteve em destaque. Representantes de Novo Hamburgo e cidades vizinhas trouxeram experiências locais, mostrando como a Serra Gaúcha, o Vale do Sinos e a Encosta da Serra se consolidam como polos de longevidade, inovação social e qualidade de vida.
A presença de empresas e instituições do Vale reforça que o debate ultrapassa os limites da feira e se conecta diretamente com os desafios cotidianos das comunidades locais, em um diálogo constante entre tradição e inovação.
Clique na imagem abaixo para assistir ao Estação Hamburgo no canal da Vale TV no YouTube:
Debate realizado no dia 4 de setembro de 2025 no programa Estação Hamburgo, apresentado por Rodrigo Steffen.