Eles se reuniram no aeroporto Congonhas e chamam a atenção com frases dizendo que o acidente com o vôo JJ 3054 já completou seis meses sem que as causas sejam conhecidas
Para marcar os seis meses do acidente com o vôo JJ 3054 da TAM, que matou 199 pessoas em julho do ano passado, os parentes das vítimas da tragédia promoveram um protesto na tarde deste domingo, 20, no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo.
Depois de fecharem o check in da companhia por cerca de dez minutos, eles caminharam do aeroporto até o local do acidente, onde ficava o prédio da TAM Express, e escreveram frases em tapumes pretos que cercam a área.
Eles ainda estão esperando que as autoridades responsáveis se manifestem sobre as causas do acidente com a aeronave, um Airbus A320, vôo JJ 3054, que partiu de Porto Alegre às 17h16 e pousou em São Paulo às 18h48 do dia 17 de julho. Percorreu toda a pista, virou à esquerda e atravessou uma avenida antes de bater no prédio, onde a empresa mantinha um depósito. O acidente é o maior da aviação no país.
Os parentes das vítimas usaram spray branco para escrever frases pedindo, entre outras coisas, “verdade e justiça”. Flores brancas representando as 199 vítimas foram colocadas em frente aos tapumes. Muitos se emocionaram durante uma oração. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) bloqueou a faixa da direita da Avenida Washington Luís, sentido Zona Norte, para que os familiares pudessem prestar a homenagem.
O ato começou em Congonhas, onde o vôo deveria ter pousado no início da noite de 17 de julho do ano passado. O grupo chegou por volta das 16h pela área de desembarque, percorreu o saguão e ocupou o mezanino da área central do aeroporto. Com um megafone, eles chamavam a atenção dos passageiros para a segurança do aeroporto, lembrando que, como nesta tarde, chovia muito no dia do acidente. Os manifestantes questionaram a segurança de voar nessas condições.
Christophe Haddad, que perdeu a filha de 14 anos no acidente, comandava o megafone. “Nós não temos mais como ficar quietos”, explicou sobre os motivos que levaram o grupo a optar pelo protesto mais barulhento. A principal reivindicação dos familiares é que todos os documentos necessários para a investigação do acidente sejam encaminhados à polícia de São Paulo.
Com faixas em homenagem aos mortos e camisetas com as fotos das vítimas, os familiares ocuparam a frente dos balcões de check in da TAM, fizeram um minuto de silêncio e entregaram um manifesto para um representante da Infraero.
Uma passageira que aguardava na fila ficou emocionada com o protesto. “Acho muito válido, tem que fazer cada vez mais. Se todo mundo fizer um pouco, as coisas mudam”, disse. Aparecida Bento de Andrade, que perdeu quatro parentes no acidente há seis meses, agradeceu as manifestações de carinho. “É gratificante a solidariedade das pessoas com a dor da gente”, afirmou.
Os familiares estiveram reunidos durante todo o fim de semana em um hotel na Zona Sul de São Paulo. O principal objetivo do encontro – o quinto desde o acidente – foi discutir o andamento das investigações. Passados seis meses desde que o Airbus A-320 se chocou contra o prédio após pouso frustrado, a polícia ainda não apontou os possíveis culpados pela maior tragédia da aviação brasileira.
Presidente da TAM
O presidente da TAM, David Barioni Neto, esteve na noite deste sábado, 19, no encontro dos familiares. Barioni chegou ao hotel por volta das 18h30. A intenção do presidente, de acordo com a assessoria da TAM, era estreitar relações com os familiares das vítimas, já que ele assumiu o cargo no final do ano. Ele ouviu queixas dos familiares e pediu que fosse iniciada uma nova etapa entre as partes.
