A programação foi organizada por intermédio da Secult e faz parte do projeto de intercâmbio entre a Prefeitura de São Leopoldo e o Departamento de Canelones.
No último sábado, 13, o Museu do Trem foi bem movimentado. Além da tradicional Feirinha Criativa com exposição de produtos artesanais, artísticos, brechó, antiguidades, cosméticos naturais e praça de alimentação, o espaço recebeu a comitiva de artistas uruguaios. Música, dança, poesia, grafite e muralismo, exposição fotográfica e o tradicional candombe foram as atrações principais. No início das atividades foi instalada a exposição itinerante fotográfica de Noélia Beltran, que retrata aulas de dança de tango. Depois o artista plástico, Christian Goñi, apresentou sua arte com cubos de Rubik, também conhecidos como cubos mágicos. Através das criações inovadoras, ele utiliza os cubos mágicos para criar mosaicos que combinados formam rostos de figuras públicas e celebridades.
Tamara Clavijo apresentou a performance Llanto Kandombero: “Metamorfose Ambulante”. A sua atuação envolve leitura de poesias e arte em grafiti. O espaço também contou com as apresentações musicais de Juan Mariño e Carlos Sanchez.
Dentro do Armazém do Museu, o fotógrafo Roberto Fenández Ibañéz, apresentou como ele constituiu a sua obra “Contemporaneidad de las Brujas”. Nela, ele chama a atenção para os tipos de violência contra a mulher comparando com a época da Inquisição, onde mulheres eram condenadas à fogueira, onde seus padrões de vida fora do senso comum lhes dava a condição de bruxa. Ibañéz explicou que seu trabalho é uma forma de combater o machismo e o patriarcado. “Muitas vezes me perguntei: quantas mulheres de hoje poderiam ter sido condenadas há muito tempo segundo seus gostos, tarefas e costumes? E quantas dessas escolhas de vida ainda hoje são causa de medo, vingança ou sentimentos de inferioridade? Qual é a raiz da misoginia? Esses retratos não aspiram a nada de especial, mas são especiais para mim: sinto que a cada olhar a alma de uma bruxa continua exigindo a extinção de um fogo ruim que foi aceso pela brutalidade, dogma, ignorância e medo olhar diretamente nos olhos de uma mulher”, contou.
O final da tarde foi reservado mais uma vez para o tradicional Candombe. Além da apresentação de dança ao som dos tambores, a dançarina Bettina Rocha, falou sobre os elementos que compõem o Candombe. “No Uruguai, o Candombe, dança que se embala ao som dos atabaques, é um exemplo rico da influência africana. Atualmente, o candombe é executado por três tipos de tambores, o tambor piano, o chico e o repique – que, juntos, formam a cuerda. No Carnaval uruguaio são formados grupos musicais, os comparsas, que percorrem as ruas com multidões de dançarinos e foliões. A condução é feita pelo escobero, o mestre dos tambores é o gramillero que segue com sua mama vieja”, explicou. Ela ensaiou com a plateia alguns passos junto com seu par Omar Cejas.
Durante toda a tarde, os artistas Germán Martinez (Shaerabo) e Rogário Tosca fizeram uma arte através do grafite e do muralismo nas paredes externas do banheiro público do Museu. A programação é organizada por intermédio da Secult e faz parte do projeto de intercâmbio entre a Prefeitura de São Leopoldo e o Departamento de Canelones (UY), que foi financiado pelo Programa de Cooperação Sur Sur da Rede Mercocidades.
Foto: Divulgação/Scom