Agentes de Segurança Pública reforçaram o pedido durante a divulgação do 19º Boletim Socioeconômico da ACIST-SL
Reunidos nesta sexta-feira, 31, na sede da ACIST-SL, representantes de vários órgãos de prevenção e repressão à violência foram unânimes ao afirmar a importância do Boletim de Ocorrência que os cidadãos deve fazer ao serem vitimados por qualquer tipo de delito. Eles participaram da apresentação da 19ª edição do Boletim Socioeconômico Trimestral, publicação organizada pela Associação e que tem a Segurança Pública como Bloco Temático, mostrando os indicadores criminais e os da violência contra a mulher. “O boletim de ocorrência é o documento oficial que indica como, quando e onde ocorrem os crimes, servindo de informação vital para a realização de políticas públicas tanto para evitar como para elucidá-los”, sintetizou Eduardo Hartz, delegado da 3ª Delegacia de Policia Regional Metropolitana.
O presidente da ACIST-SL, Felipe Feldmann, ressaltou que os dados desta 19ª publicação evidenciam a relevância do registro da ocorrência. “Ao levarmos os dados para a comunidade, ajudamos a incentivar esta prática. Afinal, a Segurança Pública é uma dos indicadores que faz com que as pessoas e empresas invistam em uma cidade”, apontou.
A mediação do painel sobre a Segurança Pública foi do diretor de Segurança Pública da ACIST-SL, Rogério Daniel da Silva, que contou com a participação do tenente-coronel Alexandro Goi, comandante do 25º Batalhão de Polícia Militar, Eduardo Hartz, delegado da 3º DP Regional Metropolitana, Giselda Matheus, secretária Municipal de Segurança Pública de São Leopoldo, Michele Arigony, delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e Bibiana Menezes, capitã do 25º Batalhão de Policia Militar.
Indicadores – O economista Marcos Lélis, coordenador do Grupo de Pesquisa Competitividade e Economia Internacional da Unisinos, explicou que, além de São Leopoldo, são comparados os dados de Canoas, Gravataí e Novo Hamburgo, por serem semelhantes quanto ao desenvolvimento econômico, social e de densidade demográfica. A união das informações levou à criação do Índice de Violência, que compreende as principais estatísticas dos indicadores criminais e de violência contra mulheres disponibilizadas pela Secretaria de Segurança Pública, tendo 2015 como ano base. O indicador compreende Latrocínio, Homicídio, Furtos, Roubos, Roubos de Veículos, Estelionato, Armas e Munições, Feminicídio, Estupro, Lesão Corporal e Ameaça.
Furtos e estelionatos lideram delitos em São Leopoldo
Conforme o índice de Violência, São Leopoldo vem apresentando redução ou estabilização de casos, mas chama a atenção o número de furtos e de estelionatos.
Entre 2015 e 2022, a cidade registrou uma taxa anual média de 3,3% e de 8,4% entre 2022 e 2023. Foram 3.177 casos em 2025, 3.685 em 2022 e 3.995 em 2022. Na avaliação do comandante do 25º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Alexandro do Nascimento Goi, há vários motivos para este crescimento. Dentre eles, o aumento considerável de pessoas em situação de vulnerabilidade social que residem nas ruas, sendo a maioria usuária de drogas. A secretária municipal de Segurança Pública, Giselda Matheus, reconhece que esta é uma situação que preocupa o pode público local, acrescentando que muitas destas pessoas são oriundas de outras cidades. Ela aponta que estão sendo realizadas ações transversais entre demais secretarias, para estimular que retornem para a cidade natal ou participem de atividades para que se recuperem do uso de entorpecentes. “Em abril, chamaremos mais servidores para ampliar o quadro da Guarda Municipal e qualificar ainda mais a ronda nos bairros e vilas, juntamente com o Centro”, acrescentou.
O delegado Eduardo Hartz pondera que, por ser mais difícil de controlar, o furto precisa ser denunciado, independente da gravidade. “Muitos não são registrados. Para reprimir o furto, precisamos montar um processo maior para formar provas, a partir da avaliação de onde, quando e como ele ocorre”, assinala.
Quanto aos estelionatos, os dados apontam que os casos continuam ocorrendo, mesmo com redução na taxa entre 2021 e 2022, que ficou em -13,8. “Muitas pessoas ainda têm receio de denunciar, porque grande parte são golpes pela Internet”, salienta o delegado Hartz. Em 2022, São Leopoldo registrou 1.830 casos, enquanto em 2021, foram 2.124. Em 2015, ano do recorte, foram 423 casos.
Violência contra a mulher
Em um capítulo especial, o Boletim Socioeconômico aponta os casos registrados conta a mulher. Se os feminicídios tentados ou consumados reduziram entre 2021 e 2022, demais ocorrências não deram trégua. Em 2021, foram 47 estupros e, no ano seguinte, 38. As lesões corporais somaram 397 em 2022 e 399 em 2022. O quadro foi ainda mais grave em 2015, quando foram 657 ocorrências. A delegada Michele Arigony, titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, alerta para que as vítimas procurem os órgãos de defesa, tendo eco junto à capitã da Brigada Militar, Bibiana Menezes. “Os índices de ameaças de lesão corporal são muito altos. As ocorrências nos ajudam a cuidar destas mulheres, que buscam proteção”, ressalta. Atualmente, a Patrulha Maria da Penha vem acompanhando 350 medidas protetivas por mês em São Leopoldo.
A delegada Michele destacou a importância da alteração na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), que permite a prisão do agressor caso descumpra a medida protetiva imposta pela Justiça. “É mais um esforço para a mulher não se sentir desamparada e para evitar os casos de agressão e de feminicídos”. A secretária Giselda aponta que o município tem atuando em parceria com a DEAM, por meio da transversalidade dos órgãos como a Secretaria da Mulher e o Centro Jacobina, fazendo inclusive o traslado das vítimas para outros locais. “Infelizmente, é ela e a família que precisam sair das suas casas para se proteger”, lamenta.
Também estiveram presentes à apresentação associados, veículos de imprensa e autoridades como Alexandre Sório Nunes, comandante do 2º Batalhão de Bombeiros Militar, André Serrão, delegado da 2ª Delegacia de Polícia de São Leopoldo, Jaqueline Hofler, representando a diretoria de Foro de São Leopoldo, Jacqueline Bervian, juíza da 5ª Vara Cível, membros do CONSEPRO e da sociedade civil.
Demais dados
O Boletim Trimestral também apontou os dados sobre latrocínios, furtos, furtos de veículos, delitos relacionados a armas e munições, tráfico e posse de entorpecentes, que podem ser acessados no website www.acistsl.com.br/boletimsocioeconomico, cuja publicação foi viabilizada com o patrocínio da Sicredi Pioneira e Frontec e apoio do Sebrae Vales.
Fotos: Mateus do Nascimento