Crescimento mostra nova cultura de consumo do país, com classes C e D. Consumo em alta se reflete no aumento do recolhimento de impostos sobre produtos
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado na quarta-feira, de 5,4% em 2007, foi fortemente influenciado pelo consumo das famílias. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo familiar representou 60,9% do resultado do ano passado, puxado pela alta de quase 30% do crédito.
Para o economista José Luiz Rossi Júnior, professor do Ibmec São Paulo, a expansão do PIB, acima da média história brasileira, registrou um bom resultado em todos os setores (serviços, agricultura e indústria), com destaque especial para o consumo das famílias, com alta de 6,5%, maior que o próprio índice.
“O aumento do consumo sinaliza principalmente a cultura do crédito e também o aumento da massa salarial”, diz Rossi. “Em 2007, o consumo cresceu até mais que o PIB. E, no geral, se você observar várias economias, geralmente o consumo tende a crescer mais suavemente que o PIB.”
Para o economista, este aumento é significativo para ter um novo raio-x do que é a cultura de consumo do Brasil hoje. “O fato de o consumo estar aumentando é um bom indicador porque há várias pessoas das classes C e D que estão entrando neste mercado.”
Imposto
O consumo em alta também se reflete no crescimento do recolhimento de impostos sobre produtos, de 9,1%, o maior desde 1996, de acordo com o IBGE , no ano passado, a tributação de produtos havia crescido 5%. Entre os segmentos que mais contribuíram para o resultado dos tributos estão o automotivo e o de serviços da informação.
“Se a economia está crescendo, a tendência é que os impostos cresçam, é uma relação direta. Se você tem crescimento onde o consumo está com taxa alta, vai ter impacto no ICMS, como os serviços de informação. Atividades que têm incidência de IPI muito alta estão crescendo. O grande impacto é IPI e ICMS”, explica Roberto Olinto, coordenador de contas nacionais do IBGE.
Segundo Olinto, com o aumento na taxa de investimento – também verificada pelo instituto – a economia está se preparando para uma manutenção da demanda. Isso é evidenciado, segundo o coordenador, pelos investimentos maiores em capacidade produtiva.”É uma qualidade de investimento importante, porque você não cresce baseado nas exportações, mas tem um mercado interno sendo construído e fortalecido”, ressalta.
Fonte: Agência Globo