Os repasses vão de pequenas quantias até valores maiores, como os R$ 66 mil que o atacante Luan, ex-jogador do Grêmio, deixou de receber — valor que foi quitado pela atual gestão.
O ex-dirigente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio Grande do Sul (SIAPERGS), Jorge Ivo Amaral da Silva, foi denunciado pelo Ministério Público por suspeita de desviar R$ 8 milhões da entidade. Os recursos seriam oriundos dos direitos de transmissão de jogos de futebol e deveriam ser distribuídos a jogadores de todas as divisões. A denúncia ainda será analisada pelo Tribunal de Justiça do estado (TJ-RS).
Segundo o promotor Flávio Duarte os supostos desvios teriam ocorrido entre 2015 e 2020, quando o ex-dirigente ocupava a vice-presidência da entidade. Atualmente, ele é auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), a corte máxima que julga os processos disciplinares do futebol brasileiro.
Pelas normas, o dinheiro supostamente desviado do sindicato deveria ser repassado aos jogadores de futebol profissional pelo chama “direito de arena”. Os recursos têm origem no pagamento feito aos clubes pelas emissoras de TV em troca das transmissões das partidas.
Esses repasses vão de pequenas quantias até valores maiores, como os R$ 66 mil que o atacante Luan, ex-jogador do Grêmio, deixou de receber — valor que foi quitado pela atual gestão.
Os investigadores dizem que a maior parte das mais de 500 transferências bancárias de até R$ 70 mil iriam direto para a conta do auditor e da empresa da qual é sócio.
“O denunciado, na condição de vice-presidente do sindicato estadual, tinha acesso às contas bancárias do sindicato e fazia uma série de operações, muitas vezes mais de uma por dia, em benefício dele, na empresa dele“, assegura o promotor.
De acordo com a investigação, outra parte do dinheiro — R$ 2,3 milhões — teria sido transferida para outro sindicato de atletas profissionais, o de Porto Alegre, presidido por Jorge Ivo. Ainda segundo o MP-RS, o valor serviu para pagar os salários anuais de até R$ 800 mil que ele concedia a si mesmo. Conforme o promotor, uma maneira de “lavar” o dinheiro supostamente desviado.
“No sindicato municipal, utilizando o subterfúgio de que aqueles valores eram salário, ele depois recolhia esse mesmo valor que foi depositado pelo sindicato estadual no municipal em prol dele. Salário que não teria, porque não tinha atividade alguma. Não tinha funcionário, estava inativo“, destaca Duarte.
O MP-RS pede a suspensão de todas as atividades sindicais de Jorge Ivo Amaral da Silva. A atual gestão do SIAPERGS cobra na Justiça os valores supostamente desviados pelo ex-vice-presidente e diz que o dinheiro fez muita falta durante a pandemia.
Foto: divulgação/ MPRS