Além de abrir os “braços” e acolher desabrigados da região, principalmente de Novo Hamburgo e São Leopoldo, Estância Velha foi solidária e ofereceu um espaço exclusivo para famílias de pessoas com transtorno do Espectro do Autismo atingidas pelas enchentes.
A iniciativa contou com a sensibilidade do Grupo Solução em Gestão (SEG), que teve o apoio da prefeitura e do Programa TEAcolhe do governo do Estado, e a solidariedade dos integrantes do CTG Estância do Campo Grande, que cedeu seu galpão para abrigar nove famílias atingidas pela enchente.
O grupo liderado por Edmilson Kailer contou com o trabalho das coordenadoras Priscila Silva (geral), Marliese Godoflite (dos voluntários) e Cátia Heidrich (da cozinha), além de dezenas de colaboradores que atenderam e acolheram essas famílias. As doações vieram de Dois Irmãos e de Estância Velha.
“Nossa cidade fez a sua parte para acolher todos que precisavam de apoio neste momento difícil. Ter um abrigo acolhendo pessoas com autismo é a prova de que nos preocupamos com o bem-estar de todos”, disse o prefeito Diego Francisco.
“Muito bem acolhidos”, diz mãe
Geici Mara Pastorio, 47 anos, e seus filhos Davi, 13 anos, e Emanuel, 16, já arrumam as coisas que receberam de doação pensando no recomeço. A família viu a sua casa ser destruída no deslizamento de terra em Gramado, em novembro de 2023.
Com o infortúnio mudaram-se para o bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, sendo mais uma vez atingidos por uma tragédia que só não foi pior porque estão todos bem de saúde e “muito bem acolhidos”, como diz a própria Geici: “Estávamos em outro abrigo, mas o Emanuel (que é autista) estava muito agitado e com dificuldades de adaptação. Aqui fomos bem recebidos e tivemos um espaço tranquilo e reservado, o que acalmou ele”, disse.
Geici não quer voltar para Novo Hamburgo e vai procurar um lugar mais tranquilo para alugar uma casa e recomeçar. “Mesmo depois de tudo que passamos, eu preciso ter força e coragem para recomeçar, e pelos meus filhos eu vou ter esta força”, finaliza Geici.
Segundo as coordenadoras do abrigo em Estância Velha, a família de Geici deve ser transferida para um abrigo em Ivoti até encontrar um lugar para morar. “O abrigo aqui em Estância Velha será desativado até o final de semana, quando todas as famílias serão encaminhadas para suas casas ou para casa de parentes”, explica Marliese.
Ao todo, Estância Velha abrigou cerca de 800 pessoas, durante o mês de maio. Foram criados quatro alojamentos para desabrigados, mais os abrigos de voluntários para os animais. A cidade não foi diretamente atingida pela enchente histórica que causou destruição e deixou centenas de mortos no Rio Grande do Sul.