Em edição marcada por informação e exemplos práticos, especialistas explicaram sobre holdings, como se proteger dos impactos da reforma tributária, preservar o patrimônio e garantir a continuidade de empresas e famílias no Vale do Sinos e em todo o país.
O programa Estação Hamburgo da Vale TV, exibido ao vivo no dia 23 de outubro de 2025, trouxe um tema essencial para famílias e empresas brasileiras: planejamento sucessório e proteção patrimonial. A bancada, conduzida por Rodrigo Steffen e com participação especial do jornalista Rogério Forcolen, recebeu as especialistas Ketlen Marin e Stefany Herzog, fundadoras do movimento Patrimônio Sem Inventário, que vem ganhando destaque nacional ao orientar famílias e empresários sobre organização de bens, holdings, dolarização e gestão preventiva diante das mudanças na legislação tributária.
Com linguagem acessível e exemplos reais, o programa apresentou um panorama claro sobre como o planejamento financeiro e jurídico antecipado pode evitar conflitos, reduzir custos e garantir a perpetuação de empresas familiares — tema de relevância crescente no Vale do Sinos, região fortemente marcada pelo empreendedorismo.
Planejar antes é preservar: o desafio da sucessão familiar
Logo no início da conversa, Rodrigo Steffen destacou a importância de pensar no futuro ainda em vida. “Não é depois que a gente não estiver mais aqui que os outros precisam resolver. Famílias e empresas inteligentes se organizam antes”, pontuou o apresentador.
Ketlen Marin reforçou que o inventário ainda é visto como tabu, mas é justamente o oposto do que muitos imaginam:
“As famílias e as empresas não precisam passar por inventário. É possível evitar esse processo, tanto o custo financeiro quanto os conflitos. Planejar é um ato de amor e de respeito ao que foi construído.”
A advogada Stefany Herzog explicou que o planejamento sucessório é um instrumento preventivo, mais econômico e estratégico.
“Resolver as questões em vida é infinitamente mais barato do que deixar o problema crescer. A nossa advocacia é preventiva: buscamos soluções antes que os conflitos cheguem à Justiça.”
As especialistas alertaram que o processo de inventário no Brasil custa, em média, entre 20% e 30% do patrimônio, podendo dobrar com a nova reforma tributária. Em alguns países, como Estados Unidos e Portugal, o custo pode chegar a 45% do valor total dos bens.
“O Brasil está mirando o modelo internacional. Com a nova legislação, os estados poderão aumentar as alíquotas do ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação) para até 16%. Se a família não se planejar, o patrimônio pode se perder”, afirmou Stefany.
Holdings: o caminho para organizar e proteger
Durante o debate, as convidadas explicaram de forma didática o papel das holdings patrimoniais e familiares — empresas criadas para gerir bens e evitar a necessidade de inventário.
“A holding é uma ferramenta jurídica e contábil que garante que o patrimônio continue protegido e organizado, sem a necessidade de longos processos judiciais. Com a estrutura certa, é possível reduzir impostos, evitar disputas e manter a empresa viva por gerações”, detalhou Ketlen.
Elas ressaltaram que a forma mais eficiente atualmente é o modelo S.A. (Sociedade Anônima), que oferece maior segurança jurídica e flexibilidade tributária do que o modelo limitado.
“A holding limitada tende a se tornar mais cara e menos vantajosa. Já a S.A. permite ajustes que isentam o processo sucessório e reduzem custos”, explicou Stefany.
Casos emblemáticos, como os de Silvio Santos e Gugu Liberato, foram citados para exemplificar a diferença entre quem se planejou e quem não deixou o patrimônio organizado.
“O Silvio Santos fez tudo corretamente: organizou seus bens, delegou a administração e evitou conflitos. Já o patrimônio do Gugu ficou anos em disputa judicial, com a família dividida. Planejar é garantir paz para quem fica”, disse Ketlen.
O impacto da reforma tributária e o cerco ao contribuinte
A conversa também abordou as transformações trazidas pela reforma tributária e os novos mecanismos de fiscalização, como o CIB (Cadastro Imobiliário Brasileiro), que promete cruzar informações entre inquilinos, locadores e órgãos públicos.
“A Receita Federal agora usa inteligência artificial para cruzar dados de contas de luz, água e gás. Aquela velha prática de não declarar aluguel acabou. O contribuinte precisa se organizar, porque o cerco está apertando”, alertou Stefany Herzog.
Segundo as especialistas, o Brasil caminha para uma realidade semelhante à dos países desenvolvidos, onde a gestão patrimonial é profissionalizada e as pessoas físicas mantêm seus bens em pessoas jurídicas para maior segurança.
Dolarização: proteger o patrimônio em moeda forte
Na segunda parte do programa, Ketlen e Stefany apresentaram outro conceito em alta no mercado financeiro: a dolarização de patrimônio, ou seja, a criação de reservas financeiras em moeda estrangeira, dentro da legalidade e com respaldo jurídico.
“Dolarizar não é para milionários. Qualquer pessoa pode começar com valores a partir de US$ 2.400 por ano, o que equivale a pouco mais de R$ 1.200 por mês. É possível montar uma reserva de aposentadoria ou previdência em dólar, vinculada ao índice S&P 500 — que reúne as 500 maiores empresas dos Estados Unidos”, explicou Ketlen Marin.
As especialistas reforçaram que esse tipo de investimento não passa por inventário e oferece proteção em jurisdições seguras, como Porto Rico e outros países com benefícios tributários legítimos.
“Nosso papel é orientar com responsabilidade. Trabalhamos com estruturas que protegem o patrimônio em vida e garantem liquidez rápida, com retorno aos beneficiários entre sete e quinze dias após o falecimento do titular”, completou Stefany.
Elas destacaram que o real perdeu 67% de seu poder de compra desde 1994, e que manter parte das economias em dólar é uma estratégia de proteção e estabilidade diante da volatilidade econômica do Brasil.
“O próprio país tem reservas em dólar. Por que os brasileiros ainda resistem em fazer o mesmo?”, provocou Ketlen.
Seguros e legado: pensar no futuro é um ato de amor
O tema dos seguros de vida e previdência internacional também ganhou destaque. Stefany Herzog lembrou que, nos Estados Unidos, consultores financeiros só iniciam o planejamento de um cliente após confirmar que ele possui seguro de vida ativo.
“É o único seguro que temos certeza que será usado. No Brasil, ainda há muito tabu em falar sobre isso, mas é uma ferramenta essencial para proteger famílias e garantir estabilidade em momentos de crise”, afirmou.
Rogério Forcolen comentou de forma descontraída:
“Eu queria ter conhecido essas mulheres há alguns anos. Talvez tivesse guardado mais do que gastei em jantares!”, brincou o apresentador, arrancando risadas da bancada.
Patrimônio Sem Inventário: um movimento de consciência
As convidadas encerraram explicando o propósito do projeto Patrimônio Sem Inventário, que une educação financeira, consultoria jurídica e estratégias de gestão patrimonial.
“Nosso trabalho é elevar a consciência das pessoas. Mostramos que o planejamento e até a criação de uma holding é acessível e que o verdadeiro legado é perpetuar o que foi construído com tanto esforço. Planejar não é luxo — é necessidade”, declarou Ketlen Marin.
Stefany Herzog reforçou o caráter educativo da iniciativa:
“O Brasil aumenta impostos e burocracias. Nosso papel é esclarecer, oferecer ferramentas e mostrar que há caminhos seguros, dentro da lei, para preservar e multiplicar o patrimônio.”
O Estação Hamburgo é um programa exclusivo da Vale TV. Exibido ao vivo, de segunda a sexta-feira, das 20h às 21h, o programa reúne convidados em uma bancada de debates que analisa temas de interesse público. Desde 2015, o Estação Hamburgo se consolidou como um espaço plural e democrático, voltado à comunidade, com pautas que abrangem política, cultura, sociedade e as principais questões da região.
O Estação Hamburgo tem o patrocínio de Calçados Beira Rio 50 anos, Construtora Concisa, Exatus Contabilidade, Merkator Feiras e Eventos, JG Serviços, Coworking 360 e Universidade Feevale.
Crédito: Debate realizado no dia 23 de outubro de 2025, no programa Estação Hamburgo, apresentado por Rodrigo Steffen, com participação de Rogério Forcolen, na Vale TV.

