Programa Especial alusivo aos 201 anos da Imigração Alemã reuniu especialistas, descendentes e representantes culturais para discutir legado, desafios e novas perspectivas da presença germânica na região, com um mergulho na história que moldou a identidade local.
No dia 8 de agosto, o Estação Hamburgo apresentou uma edição especial dedicada aos 201 anos da Imigração Alemã no Brasil, com foco no impacto cultural, social e econômico dessa história no Vale do Sinos. O debate reuniu os historiadores Felipe Kuhn Braun, Marcos Antônio Witt, Martin Dreher e Rodrigo Trespach, a gestora cultural Ingrid Marxen, representando o Museu Histórico Visconde de São Leopoldo e o apresentador Rodrigo Steffen, em uma roda de memória com mais de 2 horas de duração, que destacou a preservação das tradições e a adaptação das comunidades ao longo de mais de dois séculos.

O Estação Hamburgo foi gravado no Espaço Sicredi Feitoria, no Bairro Feitoria, em São Leopoldo, local próximo à Casa da Feitoria, sede da fazenda onde os primeiros imigrantes passaram os primeiros dias em território leopoldense, e próximo ao então Porto das Telhas, região onde desembarcaram.
A herança que moldou a região
A chegada dos imigrantes alemães ao Brasil, em 1824, marcou profundamente o desenvolvimento do Vale do Sinos. Os descendentes mantiveram vivas tradições como a língua, a gastronomia, a música e as festas típicas. Essa preservação cultural se deu ao mesmo tempo em que a comunidade se adaptou às mudanças sociais, econômicas e políticas do país. A história dos 201 anos da Imigração Alemã no Brasil é sempre uma história de construção coletiva, onde o trabalho, a educação e a organização comunitária foram e são fundamentais.
Tradição e modernidade lado a lado
A discussão trouxe exemplos de como a herança alemã se mantém presente no dia a dia, mesmo diante da globalização. O papel da música e dos grupos folclóricos na preservação cultural, lembrando que festas como o kerb segue como pontos de encontro e celebração. Foi apontada a importância de políticas públicas e incentivos para manter vivas as manifestações culturais, especialmente entre os jovens. A tradição precisa dialogar com a contemporaneidade para continuar relevante.
Desafios da preservação cultural
Entre os principais desafios citados pelos participantes estão a transmissão da língua alemã às novas gerações e a valorização da história local nas escolas. Muitos jovens não conhecem detalhes sobre o processo migratório e a influência dos imigrantes no desenvolvimento econômico da região. É fundamental investir em educação patrimonial e em espaços que contem essa história de forma acessível.
O ensino da história da imigração não deve se limitar a datas e eventos, mas abordar também os aspectos sociais e culturais, incluindo a contribuição das mulheres, o papel das associações comunitárias e a integração com outras etnias, em outro ponto apresentado durante o registro da memória da imigração.
201 anos da Imigração e da presença alemã no Brasil e no Vale do Sinos
A primeira leva oficial de imigrantes alemães chegou em 25 de julho de 1824, desembarcando primeiro em Porto Alegre e sendo direcionada para a denominada Colônia de São Leopoldo — marco inicial da imigração alemã no país. Essa instalação fez parte da política do Império para ocupar territórios e estimular a produção agrícola.

A partir dessa base, outras ondas migratórias se espalharam pelo Rio Grande do Sul e pelo Vale do Sinos, originando comunidades que preservaram suas tradições através de escolas comunitárias, igrejas luteranas e católicas, sociedades culturais e clubes de tiro e canto.
Os imigrantes trouxeram conhecimentos em agricultura, marcenaria, metalurgia e, posteriormente, impulsionaram indústrias que se tornaram símbolos da região, como o setor coureiro-calçadista.
Ao longo do século XX, o Vale do Sinos tornou-se um dos maiores polos industriais do Brasil, sustentado pelo trabalho e pela organização social herdada dessa imigração. Mesmo diante da urbanização acelerada, traços da arquitetura enxaimel, receitas típicas e expressões em alemão continuam presentes na vida cotidiana.
O papel da comunidade e das instituições
O debate também destacou a atuação de clubes, sociedades e associações culturais que preservam a memória e oferecem atividades que conectam diferentes gerações. São entidades que atuam como guardiãs do patrimônio imaterial, promovendo desde corais e grupos de dança até oficinas de culinária típica. A comunidade como a principal responsável por manter viva a história que herdou e merece ser rememorada nestes 201 anos da Imigração e sempre..
Imigração e desenvolvimento
Os convidados ressaltaram que o espírito empreendedor dos imigrantes alemães e seus descendentes ajudou a transformar o Vale do Sinos em um polo econômico. Setores como o coureiro-calçadista, a metalurgia e a indústria têxtil têm raízes diretas no modelo de trabalho e organização trazido pelos primeiros colonos. O legado é também de inovação e adaptação às demandas do mercado.
Olhar para o futuro
Encerrando o programa, os participantes defenderam que a celebração dos 201 anos da Imigração Alemã seja um ponto de partida para fortalecer projetos que conectem passado e futuro. Isso inclui incentivar o turismo histórico-cultural, apoiar iniciativas educacionais e manter viva a memória através de eventos e produções artísticas.
Mais do que lembrar o passado, é preciso construir um presente que honre essa herança e um futuro que continue a valorizá-la.
Clique na imagem abaixo para assistir ao Estação Hamburgo Especial no canal da Vale TV no YouTube:
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Debate exibido no dia 8 de agosto de 2025, no programa Estação Hamburgo, apresentado por Rodrigo Steffen.