novohamburgo.org – Em que área a senhora trabalhava?
Marie Traude – Eu trabalhei tudo, na alfabetização, 1º, 2º, 3º, 4º e 5º ano na escola. E, quando comecei a trabalhar com alunos perto dos 14 anos, passei a sentir a necessidade de dar continuidade aos estudos. Por isso, fui cursar Pedagogia com enfoque em Supervisão Escolar na Unisinos, já tendo 14 anos de experiência com educação.
É um curso muito bom. Peguei professores maravilhosos em todas as áreas, e é muito diferente fazer uma graduação, um curso superior, com uma bagagem de experiência. Confrontando algumas vezes a teoria com a prática, a gente percebe que aquela teoria vai fazer alguma adequação para ser colocada em prática. Eu aproveitei muito o curso.
novohamburgo.org – Em que ano a senhora se formou?
Marie Traude – Em 1979. Levei sete anos pra me formar.
novohamburgo.org – Já com a família constituída?
Marie Traude – Eu tenho três filhos e três netos. O meu filho mais velho, Fernando, que é psiquiatra, tem 44 anos, a minha filha está com 40, Cristine, e é Relações Públicas, e tenho um bem mais novo, com 27 anos, o Pedro, que hoje é residente no Hospital de Clínicas. Os dois são casados e o Pedro é noivo.
Um ano antes de me formar, a diretora Gladis, que foi diretora por 25 anos, me disse que ela estava desejando sair da direção, porque na época, quando a Instituição Evangélica se formou, juntou-se Fundação, Pindorama e Oswaldo Cruz. As comunidades se juntaram e perceberam que o melhor era se unir em uma instituição só, com uma administração geral e com vice-diretores nas unidades. Eu era a vice-diretora da unidade, vice-diretora local do grupo no papel, mas atuando como diretora no dia a dia, porque tinha que resolver os problemas, tomar as decisões. E, na época, era o diretor geral da instituição o professor Ernest Sarlet.
Ele (Sarlet) foi um visionário da educação, como visto pelo que foi feito na educação municipal.
novohamburgo.org – Então, a exigência era enorme?
Marie Traude – Ih, meu Deus! Mas eu conhecia o professor Sarlet muito bem porque ele tinha sido meu professor na Fundação Evangélica e eu tenho, não porque ele já partiu que eu vou dizer isso, mas tenho uma profunda admiração por ele. Ele foi um visionário da educação, como visto pelo que foi feito na educação municipal. Ele se preocupou tanto com a nossa área rural, utilizando a tecnologia que vinha vindo, e por isso que o slogan dele na Secretaria de Educação era “do aipim ao computador”.
novohamburgo.org – Que era o grande projeto dele.
Marie Traude – Era o grande projeto dele e que hoje está expandido. As escolas do município estão muito bem, tem um suporte tecnológico muito bom com seus laboratórios de informática.
E quando o Sarlet assumiu, e eu era a vice-diretora lá na Oswaldo Cruz, a Oswaldo Cruz era uma unidade muito grande. Cheguei a ter 980 alunos, assumindo todos. Quando fui convidada, a diretora colocou que eu era a única que estava fazendo curso superior, e ela tinha essa visão de futuro.
Como as coisas estão se encaminhando, não vai mais ser possível um professor ter apenas o magistério. E ate hoje existe um curso de gestão educacional e quem quer ser diretora tem que ter esse curso. Além do superior, mais esse curso, como uma pós. Existe também o curso de Pedagogia com enfoques específicos, como séries iniciais, gestão educacional, entre outras necessidades.
Nasci com o sonho de ser professora, mas todo o meu sonho cabia dentro de uma sala de aula. E aí me deram uma escola inteira! Eu não sonhava tanto.
novohamburgo.org – Foi por isso que a senhora se tornou diretora do Oswaldo Cruz?
Marie Traude – Sim. E assumi o Oswaldo Cruz muito assustada, porque eu sempre digo: nasci com o sonho de ser professora, mas todo o meu sonho cabia dentro de uma sala de aula. E aí me deram uma escola inteira! Eu não sonhava tanto, mas tenho memórias maravilhosas desse tempo que eu permaneci por 13 anos na direção, desde 79.
Saí no final de 1991 e aí assumi na Fundação Evangélica a coordenação do curso de magistério, supervisão de estágio, e lecionava a disciplina de didática geral. Aí era com as professoras, as jovens e futuras professoras.