Porque o senhor acha que a cidade não consegue implantar a coleta seletiva do lixo?
Basicamente, em outros países, a coleta seletiva é seletiva porque não existe outro material junto, não há resíduos orgânicos. O material orgânico todo vai para o sistema de esgoto, se separa só o seco. Aqui no Brasil, mais da metade do lixo é orgânico. Isto faz parte do processo que estamos encaminhando.
Haverá uma audiência pública sobre o lixo e a coleta seletiva está entre os assuntos a serem debatidos. Nisto, lembro de um caso que ouvi na escola próxima da Avenida Alcântara. Um aluno contou que separou o lixo com a mãe, o lixo foi separado direitinho, em seco e orgânico, e depois foi jogado no arroio. Mas este não é um problema de quem mora na periferia, vamos deixar isto bem claro. É um problema em toda a cidade. Temos muito a evoluir nisto.
A taxa de esgoto tem que ser cobrada. As pessoas não sabem como é feito um investimento de tratamento de esgoto.
Como o senhor vê o drama do Rio dos Sinos e como passar da boa vontade para as ações efetivas de preservação?
Não sei se o esgoto doméstico tem a maior parcela de culpa, mas é o maior poluente que existe hoje no Rio dos Sinos. Agora, não existe uma definição clara sobre o que causou a mortandade. Mas é claro que existe a necessidade de investimentos para tratar isto. Por outro lado, há a necessidade de cobrança disto e já acompanhamos a manifestação de pessoas que dizem que jamais vão pagar qualquer taxa para isto. A taxa de esgoto tem que ser cobrada.
As pessoas não sabem como é feito um investimento de tratamento de esgoto. Nós vamos ter três núcleos de tratamento de esgoto, um no loteamento Marisol que já deveria estar concluído, outro no Nações Unidas, na vila Kroeff, e também no bairro Boa Saúde, no arroio Cerquinha. Então nós vamos iniciar o processo. Serão aproximadamente R$ 10 milhões de reais investidos. Só temos hoje o tratamento no residencial Mundo Novo.
A taxa de esgoto será proporcional ao que será investido. Se tivermos que fazer um financiamento para isto, vamos ter que pagar e isto somente com a receita do usuário. A busca dos prefeitos é por um financiamento público que reduza muito esta cobrança. Por isso se busca um consórcio entre os municípios.
A Secretaria de Meio Ambiente ainda não existe em todos municípios e é relativamente recente. Como o senhor vê a importância desta pasta?
A secretaria individualmente constituída não quer dizer que seja um referencial. Nós precisamos ter um bom grupo técnico na prefeitura para que possa dar um bom andamento a esta demanda. E ele deve independer do poder público que está administrando a cidade.
Temos que ter um bom grupo técnico, tendo ou não secretaria. Aqui a pasta passará a se chamar Secretaria de Meio Ambiente e Planejamento Urbano. O nosso próprio Plano Diretor se diz Plano de Desenvolvimento Urbano e Ambiental. Um não existe sem o outro. Não adianta planejar uma expansão urbana que atinja o aspecto ambiental. Temos que ter um bom casamento disto e com bons técnicos. Queremos que haja um gerenciamento da prefeitura e que haja um plano para Novo Hamburgo. Hoje não temos nem um plano de plantio de árvores.
Qual as árvores que podem ser plantadas abaixo da rede elétrica? Hoje não se tem isso. Falta um planejamento e isto nós cobramos, em conjunto com o Conselho de Meio Ambiente.