O combate ao tráfico de drogas passa por essa educação crítica?
Amorim – A melhor forma de combater o tráfico de drogas não é a ação policial, mas sim os trabalhos sociais, culturais, educacionais. Então vou cobrar pela terceira vez e tenho certeza de que a cobrança será bem recebida: prefeito Jair Foscarini, eu encaminhei para ele o projeto da Mangueira do Amanhã, que já é muito antigo, e que reduziu muito a criminalidade no Morro da Mangueira, no Rio. Se nós fizermos isso aqui iremos quebrar os traficantes, iremos dar um golpe financeiro no traficante. E, se ele está quebrado, não precisamos gastar tanto em policiamento. Aí vamos viajar na filosofia: o Estado é suicida e o povo conivente com este Estado é um povo suicida.
Novo Hamburgo, aliás, tem uma característica terrível, que é a ostentação, daquele negócio do carro, da roupinha. Tudo bem, quem trabalhou pode comprar, mas vai devagar. Não vai passar no meio de uma favela com um peru assado pendurado no pescoço. É preciso ter uma noção da nossa responsabilidade. Eu tenho um Pegeout, antes tinha uma caminhonete. Vendi ela também porque estava cara, não foi só por isso. Mas eu estava pensando: por que tenho que ter uma BMW? Posso ter, tenho o direito de ter, porque as pessoas que pagam seus impostos e trabalham também são excluídas. Devemos fazer algo em nível social, mas falo em valores.
Há uma tendência de execrar as pessoas e achar que elas gostam da execração. Ou seja, pobre gosta mesmo é de farofa, de boteco. Mas espera aí um pouco. É o que tem!
E nisto lembro da importância da televisão, que tem um papel fundamental nisto. Mas a televisão do jeito que está, não dá. Domingo, Faustão e Gugu? Quer dano social maior do que isso? Faz parte daquele negócio: deixa o povo ver Faustão e Gugu. Há uma tendência de execrar as pessoas e achar que elas gostam da execração. Ou seja, pobre gosta mesmo é de farofa, de boteco. Mas espera aí um pouco. É o que tem! Sou defensor de melhorar as vidas das pessoas, mas também do direito de quem trabalha, do rico também.
O que o senhor pensa sobre o porte de armas para a Guarda Municipal?
Amorim – Eu acho que tem que ter o porte, pois eles vão ter que atuar em áreas perigosas. Agora, quanto à questão jurídica, me permito não emitir juízo. Mas eles precisam do porte, só que precisam estar preparados. Aliás, um dos problemas que a Guarda Municipal andou passando foi de pensar que era polícia militar. A arma é uma forma de proteger os guardas, penso eu. Se vai abordar um carro com três quatro assaltantes, vão picar o guarda a bala. O melhor seria o guarda acompanhado de um brigadiano em situações de risco, sem arma. A função do guarda não é com arma.