Novohamburgo.org – Como está sendo costurado internamente no partido uma frente ampla reunindo diversas siglas objetivando vencer as eleições em outubro?
Tarcísio – Eu acho que as alianças estão representando para a gente um exercício novo. O PT sempre tratou isto no passado de forma muito restritiva. Esta experiência de unir forças já vem sendo exercitada com sucesso pelo governo Lula e está sendo muito importante para nós que estamos abandonando um pouco o topete de acharmos que somos os donos da verdade. O partido era um pouco topetudo e arrogante. Acho que no governo Lula a gente aprendeu que se pode obter a complementaridade a partir da contribuição de vários partidos em torno de um projeto. Existe um projeto claramente desenhado sob a presidência de Lula , porém, existe vários partidos cooperando no sentido de executar o plano.
Novohamburgo.org – O PT de Novo Hamburgo tem um projeto pronto para administrar a cidade?
Tarcísio – Não. Nós ainda não temos um projeto totalmente desenhado, porém, temos algumas linhas centrais de atuação que passam pela idéia da qualidade das políticas públicas. Nós queremos fazer um governo de muita inovação. Um governo que incorpore as melhores experiências de todas as áreas de política pública para que ocorra o melhor aproveitamento dos recursos públicos, ter enfim serviços públicos de melhor qualidade. Nós queremos ter um governo de muito diálogo com a cidade, tanto por intermédio do orçamento participativo quanto a partir da relação com os conselhos, com as entidades representativas da cidade, também com os próprios partidos políticos. O PT está conversando de forma franca e desarmado com todos os partidos que estão no nosso campo de aliança – aqueles que já compõem a base do governo Federal. Nós não temos restrição a nenhum destes partidos para fechar uma aliança. Nossa idéia se funda muito nisso: num governo de muita inovação; de muita qualidade na política pública; de muito diálogo com a cidade e também que consiga buscar através de parcerias, estabelecer uma otimização do uso dos recursos públicos. Isto é o que eu posso adiantar hoje em termos de programa. Mas nós já temos em várias áreas elementos concretos que serão anunciados como iniciativas com as quais nos vamos nos comprometer perante a cidade e que nós acreditamos que inovam em termos de perspectivas de governo.
O PT era um pouco topetudo e arrogante
Novohamburgo.org – Conforme informações do advogado Rui Noronha a próxima gestão deverá se deparar com o compromisso de pagar uma dívida com a Comusa que gira em torno de R$ 90 milhões, a qual foi escalonada em dez anos e mais R$ 40 milhões para a AESSul. Se sabe ainda que a partir de 2009 a prefeitura tem uma dívida de R$ 1 milhão por mês para honrar com o Ipasem. Como trabalhar tudo isto?
Tarcísio – A gente sempre pega as administrações quando a situação financeira está bem difícil e em situação de terra arrasada. Isto parece ser uma sina do PT. Em nível Federal o presidente Lula, também, pegou o país numa situação difícil a beira de uma nova moratória e próximo da falência. Vamos ter que encontrar soluções administrando com criatividade e austeridade. Acho que foi uma má solução dada pela administração ao Ipasem. Na verdade, simplesmente jogou para frente uma dívida herdade de sucessivos governos. Não foi só transmitida pelo governo Airton dos Santos, pois ela já existia no governo de Atalíbio Foscarini. Eu acho que isto é uma má política porque algum dia isto vai estourar. Hoje são cerca de R$ 100 milhões que a prefeitura deve para o Ipasem e obrigatoriamente isto vai recair na conta das futuras gerações. Nós precisamos amortizar tal dívida. Vamos ter que procurar recursos novos através de parcerias com o governo do Estado e Federal para ir cumprindo tal contrato. Isto serão heranças que estão reservadas.
Novohamburgo.org – A Lei de Responsabilidade Fiscal não prevê punições para administradores que deixam dívidas?
Tarcísio – Não saberia te dizer em quais condições existe punições. Nós estamos estudando com mais profundidade o orçamento público para poder entender melhor essa equação e onde está o gargalo. Tem um problema real no orçamento público da cidade, ou na gestão, que impede, por exemplo, da gente ter um serviço público de qualidade. Nós temos muita deficiência no serviço público e ao mesmo tempo existe um acumulo de dívidas. Esta do Ipasem, por exemplo, de mais de R$ 100 milhões, frente a um orçamento anual de R$ 330 milhões – só ela representa uma dívida pública importante e que vem crescendo a cada ano. O prefeito Jair Foscarini não pagou sequer as suas responsabilidades com o Ipasem. Acho que tem margens para uma reforma administrativa, no sentido de buscar a austeridade. Nós podemos reduzir os custos da máquina pública. A quantidade de pessoas que existem no Centro Administrativo é incompreensível. E o prefeito Jair Foscarini tem, também uma verdadeira imobiliária, considerando a grande quantidade de prédios que ele alugou para abrigar repartições públicas municipais. Nosso compromisso vai ser trabalhar com realismo e fazer os enxugamentos necessários. Mas eu não tenho dúvidas que nós teremos condições de qualificar as políticas públicas.