Ruy Noronha – Existe muita probabilidade de que nos dois primeiros anos da nova administração a prefeitura tenha que assumir uma dívida de R$ 130 milhões. Da Corsan, próximo de R4 90 milhões. Pelo regime de precatórios o escalonamento seria de 10 anos. E com a AES Sul, de iluminação pública, em torno de R$ 40 milhões. Essa entra no regime de precatórios, mas para pagamento no exercício seguinte. São obrigações previsíveis que hoje o orçamento não tem previsão. Não existe um fundo orçamentário contemplando o pagamento dessas dívidas.
novohamburgo.org – O que é um erro administrativo?
Ruy Noronha – Eu me recordo que há alguns anos um vereador levantou esta questão. Teríamos uma cautela que qualquer um deveria de ter. Deveríamos prever isso. Foi determinado o pagamento. Discute-se valores. É uma dívida certa. São obrigações previsíveis. Pelo andamento processual, em 2009 ou 2010 esse montante se torna exigível e vai comprometer o nosso orçamento. Hoje não estão sendo observados no custeio da prefeitura esses valores.
novohamburgo.org – No caso da Comusa isso é mais óbvio ainda?
Ruy Noronha – É óbvio. Qual o conceito de tarifa? O custo operacional, de serviço e de imobilização. Deveria haver uma reserva para pagamento desse ativo. É o princípio da concessão pública. Explora por 15, 20, 25 anos e é amortizado ao longo desse período. Por isso arrecada-se uma tarifa. Hoje se trabalha e se planeja sem considerar isso.
novohamburgo.org – O Ipasem é outro problema?
Ruy Noronha – O Ipasem, a partir de 2009, afora o custeio mensal, a prefeitura vai pagar em prestações de atrasados desse e de outros governos, algo próximo de R$ 1 milhão por mês. O Hospital Municipal poderia atender o funcionalismo público, e não o convênio com a UNIMED. Claro, devendo aprimorar o atendimento do Hospital Municipal.
novohamburgo.org – Como o senhor pretende administrar Novo Hamburgo?
Ruy Noronha – Eu não vou constRuyr uma cancha de tênis na Ícaro. Eu preciso ir lá, conversar com aquela comunidade e ouvir qual é que é. “Não! Queremos uma cancha de bocha, uma quadra polivalente”, ou seja lá o que for. Com todo respeito e sem demagogia: quem é prefeito tem que levantar o traseiro da cadeira, sair do gabinete e ir para o bairro.
A administração deve ser feita a partir do bairro. Vêm na prefeitura apenas para definir a ordem do dia, acompanhar o trabalho. Distribui serviço e cobra direitinho. Se você não cuida do seu cavalo… Conversando, surgiu uma proposta de mudar o comportamento da guarda municipal. Colocar a guarda para cuidar das praças. Ele estará representando o policiamento ostensivo. Na minha infância havia o guarda noturno. Ouvíamos o guarda passar na rua com o apito. Não vamos voltar esse tempo, é óbvio. Mas era uma coisa que dava segurança, havia alguém ali cuidando. E faz concurso para agente de trânsito.
“Quem é prefeito tem que levantar o traseiro da cadeira, sair do gabinete e ir para o bairro.”
A cidade deve ser informatizada. Espalha, informatiza a escola, o posto de saúde, com histórico do cidadão através de senha: sua pressão, diabetes, exames. Falta vontade política. Precisamos de uma cidade viva! Se nós conseguirmos resgatar aquele espírito de convivência comunitária, de participação nos mais variados segmentos e áreas da cidade. Não conseguiremos recuperar o que Novo Hamburgo viveu, mas resgataremos muito da nossa cidadania , muito da nossa qualidade de vida.
Vamos buscar desenvolver nosso turismo rural, nossa área rural. Vamos fomentar a produção rural. Lomba Grande tem 2/3 do nosso município. Vamos produzir lá para a merenda escolar, suprimentos para restaurantes populares. Vamos apoiar nosso setor fabril em suas demandas. Aumentar sua representação, a pressão em âmbito estadual. Isso gera trabalho.
Pode parecer utopia, mas o que é preciso é trabalhar. O mais importante é resgatar o espírito de solidariedade e de comunidade da nossa sociedade. E a nossa cultura, de Novo Hamburgo, é essa, de um trabalho conjunto. Essa é a cidade que quero deixar para meus filhos e netos.