novohamburgo.org – O senhor sugere o corte de autarquias?
Paulo Feijó – Por que o Estado tem uma FEE – Fundação de Economia e Estatística? O que isso agrega à sociedade? Isto custa R$ 32 milhões por ano. Por que o Estado tem uma universidade estadual, a Uergs, onde um aluno custa três vezes mais por mês do que um aluno da Feevale, da Ulbra? Dê uma bolsa ao aluno e ele vai para uma universidade privada. Não estaremos tirando a oportunidade dele se formar e o Estado economizaria R$ 40 milhões por ano. Esses R$ 40 milhões seriam aplicados na educação básica.
E são vários exemplos. Por que o Estado tem uma Procergs? Uma empresa de processamento de dados que custa R$ 160 milhões por ano. Por que ter uma Corag, que custa mais de R$ 70 milhões por ano? Por que uma Ceasa, uma Cesa, um Irga? O Instituto Rio-Grandense do Arroz que fique com os produtores.
O Estado tem isso para distribuir cargos, para os partidos que estão no poder distribuírem cargos. Essas pessoas trabalham pelo partido e não para a sociedade. Acho que, no mínimo, temos que trazer isto ao debate para que a sociedade se posicione. Estes órgãos todos representam R$ 700 milhões de reais por ano aos cofres do Estado, valor igual ao orçamento total da Segurança Pública no Rio Grande do Sul, incluindo Polícia Civil, Susepe, Brigada Militar e folha de pagamento.
novohamburgo.org – Não seria uma medida de muito desgaste político?
Eu, se tivesse o poder da caneta, não perderia um negócio aqui, não deixaria uma empresa levantar uma máquina daqui para produzir em outro Estado.
Paulo Feijó – Tem desgaste? Tem, claro. Mas a sociedade vai apoiar, vai aprovar, vai querer. O dia que eu tiver uma segurança exemplar, uma saúde exemplar, uma educação exemplar, aí pode pensar em outras coisas. E outra coisa: eu, se tivesse o poder da caneta, não perderia um negócio aqui, não deixaria uma empresa levantar uma máquina daqui para produzir em outro Estado.
novohamburgo.org – Há a possibilidade de o tema ser debatido dentro do governo?
Paulo Feijó – Não, eles não querem me ouvir. Claro que não há debate nenhum. E o grande problema do governo e dos governos que passaram por aqui é que, quem começa a desenhar o futuro do Estado, são pessoas técnicas, mas que nunca administraram nada na sua vida, nunca correram um risco, nunca tiveram impostos para pagar no fim do mês, folha de pagamento, mercado, conquistar clientes. Não sabem o que é isso. Com essa visão não vamos a lugar nenhum.
novohamburgo.org – Esta é uma luta que o senhor não consegue vencer sozinho?
Paulo Feijó – Não digo que não consiga. Tenho tido apoio da sociedade, do meio produtivo, dos funcionários públicos, por que quero valorizar o funcionário de carreira e acabar com os cargos de confiança (CC’s). Então, não estou sozinho nesta luta. Mas precisamos acabar com essa proposição de que tudo que é governo que entra quer aumentar impostos. Isto significa tirar dinheiro do bolso de ganha menos.
Liguem, deixem mensagens, e-mails, encham às caixas de mensagens se dizendo contrários ao aumento de impostos.
novohamburgo.org – Trata-se da segunda tentativa de aumento de impostos em menos de um ano, já que em dezembro passado houve a votação do chamado “tarifaço”.
Paulo Feijó – Agora não é um tarifaço, agora é um achaque! É muito maior do que o tarifaço. É tudo o que já se propôs em termos de aumento de impostos de uma vez só, juntando com todos os outros governos que passaram pelo Rio Grande. Temos que dizer um não! Todos, todos devem se manifestar aos seus deputados. Liguem, deixem mensagens, e-mails, encham às caixas de mensagens se dizendo contrários ao aumento de impostos. Não sou eu que irei fazer isso. Quem tem que fazer é a sociedade, se posicionando contra essa apropriação de parte dos salários das pessoas.
novohamburgo.org – O senhor não faz, mas conclama a sociedade a fazer?
Paulo Feijó – Eu vou fazer! Como cidadão e como vice-governador. Vou fazer a minha parte e acho que cada um deve fazer a sua.