novohamburgo.org – Foi assim na sua candidatura a prefeito de Novo Hamburgo, em 2004?
Lucas Redecker – Aconteceu a entrada do pai no PSDB, e nós tínhamos um pré-acordo com o PMDB de Novo Hamburgo de que um indicaria o vice do outro. O PSDB indicaria o vice do PMDB, ou o PMDB o vice do PSDB. Se o Jair fosse a prefeito, nós indicaríamos o vice. Se o pai fosse a prefeito, o PMDB indicaria o vice.
Uma semana antes, não sei se o Jair ou o PMDB pensaram, e pensaram corretos, que ganhariam a eleição sem o PSDB. E decidiram romper o acordo. Em uma noite, em que um dos nossos vereadores fez um jantar, lançando sua candidatura a prefeito – mas que ele gostaria de ser vice do Jair, ele gostaria – nós tivemos essa resposta do PMDB.
Antes de eu entrar no jantar, um membro do partido me pegou pelo braço e falou o seguinte: “Nós temos que botar um Redecker para concorrer a prefeito!” E eu falei: “O pai não vai! Há muitas lideranças e prefeitos que ele tem que apoiar na eleição.” E ele disse: “Não estou falando do Redecker Júlio, estou falando do Redecker Lucas!” E apontou para mim.
Eu nem imaginava, com 23 anos, ser candidato a prefeito de Novo Hamburgo. Eu imaginava que a comunidade, como é tradicional, não aceitaria, até pela minha pouca idade. Com certeza, eu esperava concorrer algum dia, mas não daquela maneira. Aí eu falei que se o pai concordasse, pois eu não iria contra a vontade dele, eu poderia ir.
Eu nem imaginava, com 23 anos, ser candidato a prefeito de Novo Hamburgo.
Entrei no jantar, e aquele pessoal todo comentando. Ao sair, já tinham falado com o pai. A articulação foi rápida nos bastidores. E aí o pai me ligou e perguntou: “Alemão – ele me chamava de Alemão – é isso que tu quer?”. Eu disse que não tinha medo de concorrer, de subir em palanque, nem de debater com ninguém, e que se eu aprendi algo era fazer campanha com seriedade, e isso eu aprendi com ele. Eu sabia que era difícil, quase impossível, mas que eu poderia ser uma bandeira boa para defender interesses da juventude, para demonstrar que a juventude está presente, que o jovem quer mudança, quer crescimento, que o jovem é responsável.
A partir daquilo ali, fui pré-candidato a prefeito. Aí articulamos dentro do diretório para vencer a disputa interna. Na ocasião, o doutor Gilvan Fontoura também era pré-candidato. A mãe em um primeiro momento não queria, depois ela e a esposa do Gílson (Thoen) coordenaram a campanha. E o pai também.
Várias pessoas comentaram que aquilo era um trampolim para eu concorrer a deputado estadual. E eu dizia que não era, tanto que não fui candidato na última eleição. Eu estava ali por convicção. Eu poderia ter ido, e teria grandes chances. Não digo que me elegeria, mas concorreria com chances reais.
novohamburgo.org – Na eleição complementar, em março de 2005, por que tu não concorrestes e o Júlio foi o candidato?
Lucas Redecker – O partido pressionou para que o pai fosse. O pai não havia concorrido na eleição anterior porque tinha várias lideranças, de vários municípios que ele tinha o compromisso de apoiar. Nós sabíamos que eu não ganharia a eleição, trabalhamos com pesquisas. Mas havia motivos para comemorar, já que pela primeira vez na história o PSDB de Novo Hamburgo tinha um candidato, um jovem e fizemos cerca de 10% dos votos.
Muitos líderes do interior não gostariam que o pai fosse (concorrer a prefeito).
Mas a pressão foi muito grande em cima do pai. Muitos líderes do interior não gostariam que o pai fosse. E ele nada mais fez do que usar as minhas propostas, que eram resultado de um grande processo de discussão dentro do partido e de propostas consagradas em outros lugares, como do Alckmin. Não era fruto de teorias, mas de práticas.
Em um certo momento, já sabíamos que o pai não se elegeria, mas em um primeiro momento achávamos que o Jair e o Tarcísio não poderiam concorrer. Sabíamos que não nos elegeríamos duas ou três semanas antes, mas não pensamos em desistir, pois essa palavra não existe no nosso dicionário. Foi ruim a derrota. Mas tanto a campanha minha quanto a do pai foram ótimas para o partido, para a discussão de projetos, troca de idéias com a comunidade.