Eu acreditava nisto até 16 de outubro. Não depois disto e mais especificamente depois de 27 de novembro. E no meu entendimento há o seguinte: se eu tivesse me comunicado com o Ruppenthal e trocado e-mails depois de ele ser um foragido da Justiça, concordo que tinha que “massacrar” o Jackson mesmo, porque ele estaria acobertando alguém que é foragido da Justiça. Mas eu não fiz isto. Eu me comuniquei até o dia 16 de outubro, quando eu conhecia um Ruppenthal e uma Utresa. Quando fui investigar, encontrei outra coisa.
Mandei um último e-mail para ele em 1º de novembro, quando ele volta da feira da Alemanha. Estive investigando na Utresa em 22 e 23 de outubro. E algumas pessoas me viram lá e devem ter avisado ele. Então mandei um e-mail para ele perguntando como estava a feira. Ali eu já tinha evidências do envolvimento dele e já tinha verificado que a Utresa tinha contribuído efetivamente com o lançamento de poluentes.
Nos dias 14 e 15 de novembro, começou a vir os resultados das análises que fizemos em 23 de outubro e foi me batendo um pavor cada vez maior, porque a quantidade de poluentes que estavam saindo da Utresa era muito maior do que a gente imaginava. Fui com o promotor no dia 22 de outubro fazer uma investigação a pedido do Ministério Público, achando que iria encontrar um cano furado, um resíduo disposto de forma irregular, mas não achar o que encontramos lá. A Utresa inteira vazava.
E aí está a diferença. Se eu tivesse algum interesse nas facilidades que o Ruppenthal me ofereceu, na passagem, nos 700 dólares para despesas, que nunca usei porque não fui, se eu tivesse tido alguma facilidade, ou se ele achasse que com essas facilidades pudesse comprar o meu silêncio ou minha omissão, não comprou. Não comprou por que eu fui fazer o meu trabalho e este trabalho resultou na prisão preventiva dele. Está lá nos autos do processo a transcrição dos elementos do meu relatório no pedido de prisão preventiva dele.
Como eu iria imaginar que a Utresa lançava toda esta quantidade de poluição para dentro do ambiente se ela não podia lançar?
O promotor me perguntou se eu soubesse dos desobramentos de tudo eu teria feito o que fiz. Eu iria, pois não entendi que estes e-mails poderiam comprometer a minha percepção profissional que eu tinha que ter. Claro que eu não sabia o que encontraria lá, todo um conjunto de irregularidades que estavam agravando a situação já crítica de um rio que estava agonizando. Como eu iria imaginar que a Utresa lançava toda esta quantidade de poluição para dentro do ambiente se ela não podia lançar? Se havia um trabalho de fiscalização da Fepam e eu tivesse dito para eles não fiscalizarem a Utresa, mas não, pelo contrário, mandei eles três vezes lá. Na quarta, eu mesmo fui.
Quando Ruppenthal voltou da Alemanha?
Em 31 de outubro tem um e-mail meu que eu respondo para ele, que foi um dos últimos que eu mandei. Receber dele eu recebi até o dia 29 de novembro, dois dias depois dele estar foragido. E na verdade ele mandou uma informação que se revelou útil depois para conhecer profundidade da poluição da Utresa. Estes dois e-mails que eu recebi depois dele estar foragido remeti ao Ministério Público, porque entendi que era meu dever, pois ele é um foragido da Justiça.