Qual deve ser a sua movimentação judicial ainda a respeito da sua exoneração da Fepam?
Estamos montando uma estratégia, mas não é o momento de falar disso. Minha intenção é preservar o processo que é importante para a questão ambiental do Estado e que talvez esteja incomodando muita gente, pois ele abre um precedente novo, não só pela questão da responsabilidade por dano ambiental, mas sim a intervenção. Ao invés de interditar a empresa ou fechá-la, a Justiça determinou que alguém fosse lá para conter os danos.
Tenho um depoimento como testemunha do processo criminal contra o Luiz Ruppenthal no dia 15 de março e depois é que devo buscar algumas medidas, porque há crimes aí. Há pelo menos cinco crimes que ele (Renato Breunig) praticou para atingir o objetivo dele. Ele me atinge moralmente, torna pública a minha exoneração.
Como ocorreu o processo de sua exoneração?
Eu havia pedido uma autorização para sair de férias na semana do Carnaval para descansar um pouco. Neste meio tempo, ele tentou criar todo o caso para que, quando eu voltasse, a situação dele já estivesse definida. Ele queria mudar o foco. Então ele me ameaça, e é o presidente do órgão ambiental estadual ameaçando seu diretor, ameaça a principal testemunha de acusação da empresa que ele representa e ameaça o interventor judicial desta empresa.
Nesta questão, ainda tem a quebra do sigilo de correspondência, porque ele vai buscar informações com o foragido ou com a família do foragido ou com o advogado da família e usa estes e-mails de forma irregular, vem e me ameaça dizendo que iria dar publicidade a algo que já tinha dado.
Como não aceitei a coação dele, peguei minhas coisas e fui tirar férias. Vou até o litoral para falar com a minha advogada e, quando chego lá, liga um repórter perguntando se eu havia me demitido da Fepam. Eu disse que estava de férias. Depois, liga o próprio Renato e não atendo. Então, ele fala com a minha advogada, mas nada relevante. Em seguida, liga de novo o repórter que insiste, diz que falou com o presidente da Fepam que teria dito que eu havia me demitido. Qual o plano dele? Tornar público que eu teria saído e, em seguida, os e-mails. No dia seguinte, em Novo Hamburgo, eu denunciei ele no Ministério Público.
Se o plano dele era virar o foco do relacionamento que ele tinha com a Utresa, como defensor dos interesses da Utresa, e transformar em um foco de eu ter relacionamento com o Ruppenthal, aí ele se deu mal.
Qual a sua intenção dando publicidade aos e-mails agora?
A minha intenção é primeiro mostrar que não havia nada entre Jackson e Ruppenthal. Houve uma tentativa do presidente da Fepam de me vincular ao Ruppenthal, de falar em dossiê, porque se você quer desqualificar alguém é só falar em dossiê. E o que é esse dossiê que de forma criminosa ele vai buscar? É um conjunto de trocas de informações entre duas pessoas que se conhecem há 15 anos.
O fato de eu me comunicar com o Ruppenthal não me impediu de realizar a minha função pública de investigar.
E neste ínterim não havia nada que colocasse em suspeição a conduta do Ruppenthal, enquanto a pessoa que eu conheci, até o momento que eu inicio a fiscalização e conheço outro Ruppenthal. O fato de eu me comunicar com o Ruppenthal não me impediu de realizar a minha função pública de investigar e do meu relatório saiu o pedido de prisão preventiva dele.
Moralmente, o senhor se considera abalado?
Sim, o prejuízo moral foi meu. E a minha idéia na publicidade destes e-mails é mostrar que eu não tinha nada. Meu interesse desde o início foi de dar publicidade a estes e-mails. Não uso da minha função pública para dar benefícios a ele em nenhum momento.
Só tenho o meu nome e o meu trabalho. É só isto que eu tenho. E aí o cara tenta destruir as duas coisas que tenho? Eu vou buscar o que é meu, com certeza vou. Mais adiante, no devido tempo, pois quero preservar este processo que é muito importante para a questão ambiental. Já o presidente da Fepam fez tudo o que fez para esculhambar este processo. Ele representa um setor que está preocupado com tudo o que vai acontecer daqui para a frente. Como vou imaginar que a governadora irá colocar um sujeito com este tipo de vínculo para ser presidente do órgão ambiental mais importante do Estado?
Não tenho o perfil de ser o gestor? Muito menos ele tem para ser presidente da Fepam pelos interesses que ele representa.
Em um dos debates que ocorreram, ele disse que eu não tenho o perfil adequado. Tenho oito livros publicados, sou militante da área ambiental há 23 anos, trabalhei em três prefeituras, fui secretário de meio ambiente, e não tenho o perfil de ser o gestor? Muito menos ele tem para ser presidente da Fepam pelos interesses que ele representa.