Sossella ainda não desistiu da CPI dos Pedágios
Deputado que presidiu CPI traz com exclusividade denúncias de irregularidades em tarifas nas estradas gaúchas
Ainda contrariado com o fim inconcluso da CPI dos Pedágios na Assembléia Legislativa, o deputado estadual Gilmar Sossella (PDT), que presidiu a comissão, falou com exclusividade ao portal novohamburgo.org e revelou denúncias de irregularidades não apuradas durante os 120 dias de trabalho.
Em meio à turbulência de uma investigação que culminou em um relatório insosso do deputado Berfran Rosado (PPS), não apontando a gravidade do problema que atinge as rodovias gaúchas, ele produziu um voto em separado, indo contra o relator, e atacando duramente Daer, Agergs, Governo do Estado e a própria CPI.
Entre outras questões, revelou que ainda não desistiu de levar a CPI adiante, apesar dela ser oficialmente encerrada na segunda-feira, dia 15. Cogita até procurar a Justiça para ver as irregularidades fielmente apuradas. “Vamos encontrar outra saída ou até mesmo fazer a reapresentação de uma nova CPI, proposta a ser construída em conjunto com outros deputados”, revela.
novohamburgo.org – Sessões acaloradas, disputas judiciais. O que deu errado com a CPI dos Pedágios?
Gilmar Sossela – Primeiro quero deixar o nosso protesto, porque foi a primeira CPI da história do parlamento gaúcho que não teve direito à prorrogação. E porque não continuar investigando? Quem não deve não teme. Nós não conseguimos, por exemplo, ouvir os ex-diretores do Daer. Com isso, nós não ouvimos quem concedeu o programa. Não ouvimos a AGCR (Associação Gaúcha de Concessionárias e Rodovias) com relação às notas fiscais que eles ficaram de remeter, gastos em consultoria, marketing e propaganda, e outros gastos que totalizam R$ 68 milhões – 212 mil que estão embutidos nos gastos das concessionárias.
Nós entendemos até agora como despesas não reconhecidas. Se não vieram as notas, as despesas não deverão ser reconhecidas como gastos pelas concessionárias. Porque a assessoria fazer propaganda, a contratação de advogados e outros gastos que nem se sabe referente a que despesas. E o pior: os gastos se elevam exatamente no período de eleição.
Não sei se é a ligação que ele tem com as concessionárias. Ele teria que explicar isto.
Fizemos de tudo para que a CPI fosse prorrogada. Por que não abordar, por exemplo, a questão das tarifas que estão 36% acima do contrato original? Foi feito um termo aditivo em 2000 para compensar três anos que o estado não deu aumento. Mas nós estamos 7 anos pagando este percentual a mais. Mas ele (o relator) não ataca neste sentido. Não sei se é a ligação que ele tem com as concessionárias. Ele teria que explicar isto.
novohamburgo.org – Há consenso quanto a não prorrogação dos contratos?
Sossela – Ele diz que a prorrogação não deve ser nos moldes atuais. Dá a entender que, se as concessionárias disserem que agora eu vou duplicar, então podem prorrogar. Não! É novo objeto, tem que ser novo leilão, nova licitação.
Sempre nós dizíamos que este modelo cobra demais e investe pouco. Inclusive esta governadora que sempre diz que tem copiado o que Minas Gerais está fazendo deve observar o seguinte: o Aécio Neves (governador de MG) deu uma entrevista dizendo que vai adotar o mesmo critério de leilão do governo federal. Espero que ela copie mais este assunto.