Bassani defende a independência da Câmara
Vereador Cleonir Bassani, ex-prefeito interino, fala de suas ações na Câmara e faz análise política do País
Quando um vereador resolve enviar a Brasília, por escrito, uma moção de repúdio, aplauso ou protesto a um órgão federal, a sociedade muitas vezes não compreende a efetividade desta medida. Para Cleonir Bassani, um dos representantes do PSDB na Câmara de Novo Hamburgo, trata-se de um trabalho semelhante ao do beija-flor que leva a água em seu pequeno bico para apagar o incêndio em uma floresta. “Busco fazer minha parte”, diz.
Aos 46 anos, o vereador, engenheiro civil natural de Ilópolis, levou ao Legislativo Municipal a discussão acerca de dois assuntos que aparentemente não dizem respeito ao dia a dia hamburguense. Uma moção manifesta aplauso ao Supremo Tribunal Federal pelo julgamento no caso do Mensalão e outra repudia o inchaço dos cargos públicos no governo Lula.
Segundo Bassani, a iniciativa pode tomar um grande rumo, como pode não fazer diferença alguma. “Eu pretendo fazer esse encaminhamento para muitas outras Câmaras, para que sigam o exemplo de Novo Hamburgo”, diz e justifica: “Temos de aplaudir quando se trabalha bem. E isso não vale só para o STF, mas para qualquer segmento”.
Nesta entrevista, Bassani fala sobre as moções, sobre o comportamento do Legislativo, faz análises políticas e já projeto um pouco do cenário que começa a se formar no município visando as eleições de 2008.
novohamburgo.org – Se houver uma coligação PSDB e PMDB, o senhor será o vice do prefeito Jair Foscarini?
Cleonir Bassani – Vou deixar uma coisa clara: eu já fui vice-prefeito, prefeito interino, sou vereador, já fui candidato a deputado federal e estadual. Eu tenho uma bela experiência. Eu não pretendo concorrer na próxima eleição. Nem a vereador. A vereador até pode ser, com o trabalho que estamos desenvolvendo. Mas vai depender de algumas propostas particulares. Nada com a política.
novohamburgo.org – É possível que façamos com o senhor uma análise dos cenários políticos municipal, estadual e federal?
Bassani – Acredito que se tenha muito a falar, mas ainda é prematuro, diante do cenário que está posto. Por vezes, são feitas análises superficiais, pinçando situações, sem uma análise global mais profunda. A pressa pode levar a outras interpretações, um erro no nosso juízo. Como militante de um partido, nem sempre o que gostaríamos prevalece. E, como partidário, temos de acatar certas decisões. E eu sou apenas um integrante de um partido.
novohamburgo.org – Mas é uma liderança local.
Bassani – Sim, mas não tenho como avaliar candidaturas, o que vai ser, o que não vai ser. Não sou a pessoa adequada para falar disso, e acho que o próprio presidente do partido se reserva para falar disso, pelo momento que vivemos.
novohamburgo.org – Fale-nos sobre o encaminhamento das duas moções em nível federal.
Bassani – Um vereador votou contra as moções. Disse que eu era incoerente, pois quando ele propôs uma moção ao STF eu critiquei. Muito simples: se olharmos as estatísticas do STF, vamos ver o tipo de trabalho. Mas era uma moção de apoio a um evento, que discutiu determinado assunto. Era diferente. A ação do STF foi exemplar, modelo, em aceitar a denúncia de 40 envolvidos em processo de corrupção. Estou trabalhando no sentido de dar um aplauso a eles.
No corpo da moção, se vê o sentimento geral de impunidade, de que o STF teria votado com a faca no pescoço, mas que acabaram acatando praticamente todas as indicações do relator. Isso nos dá a esperança de que em alguns segmentos as instituições brasileiras saiam fortalecidas. Alguns que votaram em certos candidatos, ali tomaram atitude coerente. E temos de aplaudir quando se trabalha bem. E isso não vale só para o STF, mas para qualquer segmento.
E ainda acrescentei que, ou seguimos essa linha de esperança, de acreditar em uma independência do País, de um fortalecimento, da ética, ou vamos continuar no “faz-de-conta”. E o STF está nos ajudando a resgatar esse sentimento de esperança.
novohamburgo.org – É esse sentimento, que o levou a propor tal moção, que o motiva a fazer política?
Bassani – Sem dúvida!