Entrevista realizada no dia 19/12/2006, na redação do portal novohamburgo.org
Quando você veio para Novo Hamburgo?
Eu nasci no Rio de Janeiro, em Niterói, mas adotei Novo Hamburgo como minha cidade natal quando vim para cá aos cinco anos de idade. Assumi o nome Decker da minha mãe. Meu nome é Ariadne Decker. Tirei o Soares por que tem muitos artistas plásticos com este sobrenome.
A arte a acompanha desde a infância?
Eu comecei a desenhar muito criança, eu viajava muito de navio com meu pai, pois ele era da Marinha. Não podia brincar muito, mas desenhava o tempo inteiro. Aprendi a escrever muito cedo, não à mão, escrevia à máquina.
Quando eu vim para Novo Hamburgo, eu não sabia me relacionar direito com outras crianças, pois era muito tímida. Quando entrei no colégio, eu desenhava muito bem e os professores incentivavam muito. Quando tinha algum concurso de desenho, desenhos para jornal, cartazes e ilustrações, eles sempre me chamavam.
Isto acabou me incentivando muito e por isso entrei para o curso de Arte do Colégio Pasqualini aos 12 anos. Foi feito um estande de desenhos dos alunos do Pasqualini, em uma feira da colonização alemã. E as pessoas dos estandes ficavam confraternizando. Nós fazíamos retratos das recepcionistas dos estandes e, como pagamento, elas nos traziam lanches.
Quando eu era muito criança, pensei em ser dentista ou trabalhar com matemática, mas logo me inclinei para o lado do desenho.
Nunca pensou em ter outra profissão?
Quando eu era muito criança, pensei em ser dentista ou trabalhar com matemática, mas logo me inclinei para o lado do desenho e comecei a pensar o que poderia fazer com o desenho. Fiz curso de Engenharia e no meu estágio vi que não era aquilo que eu queria. Fiz curso de Decoração no Pasqualini e Belas Artes na Feevale. Quando eu tinha 17 anos, a escola me inscreveu em um concurso internacional de cidadania juvenil e eu ganhei este prêmio. O jovem era premiado pelo currículo escolar e pelas atividades feitas no ambiente escolar.
Então a timidez não atrapalhou?
A minha timidez da infância se transformou em “eu posso tudo” ainda mais que o colégio era o dia inteiro. Assim, eu ficava voltada totalmente às atividades escolares. Em 1974, participei de um Salão de Artes e ganhei o 2° lugar. O Foto Braun fez um concurso de fotografia e eu ganhei o primeiro lugar no juvenil.
Qualquer coisa que eu ganhava, eu comprava em material de desenho. Fui conhecer pastel depois de muito tempo. Um dos prêmios que ganhei de um dos concursos foi um kit de pintura, todos os materiais de qualidade. Ali sim descobri que, para um trabalho ser de qualidade, metade depende do material de qualidade.
Durante a faculdade de Belas Artes, ganhei muitos prêmios em concursos e, com eles, fui abatendo os valores da faculdade. Terminei assim rapidamente todas as cadeiras. Quando encerrei a faculdade, comecei a trabalhar em uma empresa como desenhista de estampas para calçados e camisetas infantis e depois mandava os desenhos para os Estados Unidos para serem aprovados, pois eram desenhos com royalty, como Tartaruga Ninja, entre outros.
Quando teve seu primeiro ateliê?
Depois de um tempo, falei para meu patrão que queria sair da empresa, eu disse que queria ser artista plástica. Então, ele me convenceu a ficar e patrocinou meu atelier. Ele pagava o aluguel do atelier que eu usava e eu continuei desenhando pra ele. Fiquei três anos com um atelier em um estabelecimento e após tive a proposta de ficar trabalhando em cima da Padaria Reis. Aquele lugar era tão lindo e maravilhoso que aceitei na hora.
Eu fiz desenhos de rua e o primeiro foi no bairro Hamburgo Velho. Temos muitos sonhos que, quem sabe futuramente, serão realizados em Novo Hamburgo. O primeiro deles é transformar o bairro Hamburgo Velho em ponto turístico, alargando as calçadas e colocando empresas do ramo alimentício, entre outros, para que as pessoas possam desfrutar do local.