Entrevista realizada no dia 19/12/2006, na redação do portal novohamburgo.org
E a sua relação com as crianças?
Eu faço palestras para crianças e falo sobre a arte e os desenhos e, no final, acabo ensinando a desenhar através da observação, pois só desenhamos o que conhecemos. Ver aquele brilho no olhar das crianças não tem preço, é muito gratificante. Eu os questiono como são as coisas, os animais, alguns objetos. Isto tudo faz eles trabalharem a memória e verem que é necessário ter o conhecimento das formas e tamanhos para pelo menos fazer algo parecido.
“Ver aquele brilho no olhar das crianças não tem preço, é muito gratificante.”
Lembra de alguma história neste sentido?
Foi muito legal uma vez que os alunos pediram pra desenhar uma menina dançando funk, eu não sabia como era uma menina dançando funk e pedi para alguém ir dançar. Vieram três meninas dançar e eu desenhei as formas. Acharam o máximo. O interessante para que eles aprendam é pegar coisas e acontecimentos do dia-a-dia. A Popinha é apaixonante porque temos o retorno da criançada. Eu comecei a desenhar a Popinha no aniversário de um ano dela. A primeira vez que desenhei foi como quebra-galho. Então fui ficando até que fui contratada pelo jornal. Já desenhei 922 edições ao total.
Imagina os turistas fotografando um monte de postes, fiação e placas de trânsito? Isto fica horrível.
Repete algum desenho?
Eu faço o possível para nunca repetir um desenho, pois às vezes os assuntos já se repetem e então não fica legal repetir os desenhos. Quem trabalha hoje em dia com arte final não tem idéia do quanto era complicado antigamente.
O trabalho também mudou bastante?
Se eu tenho uma exposição programada, fico dois meses antes produzindo 20 quadros, e nestes dois meses, eu tenho que pagar minhas contas da mesma forma, comprar toda a matéria-prima para fazer os quadros e não posso vendê-los. Cada técnica utilizada me toma um tempo diferenciado e, normalmente, quanto mais bonito mais demorada a técnica. Em algumas técnicas não podem ocorrer erros, como quando é feito um fundo escuro. Se ocorrer erros quando estiver pintando com tinta branca por cima do preto, terá que ser feito tudo de novo, pois o erro fica muito evidente.
A arte dá lucro?
Para eu ter um rendimento mínimo que possa ajudar no sustendo da família, às vezes dou aulas de algumas técnicas minhas. Quem vai para uma feira pensando que vai vender muito está enganado, ela é uma vitrine e serve para fazer propaganda. Nós vendemos quadros nas feiras, principalmente para os estrangeiros, mas não é nada descomunal.
Eu já decorei uma caixa de sapato que foi enviada para Minas Gerais para serem encaixotados sapatos exportados para a França. A gente vai descobrindo com o tempo que a imagem do trabalho da Ariadne tem muito valor, não são só os quadros que são reconhecidos.
Este é um jeito de valorizar a arte brasileira, pois a arte chega nas mãos de pessoas de outros países que nunca vimos. Isto é maravilhoso. Muitos artistas criticam a parte comercial que é feita para a venda das obras, mas eu acho que o artista não pode ser condenado a passar mal por que é artista e não poder vender suas obras, nós temos necessidades como qualquer outra pessoa.
A arte é uma forma de impulsionar o turismo?
Deveríamos ter um mapa turístico-cultural, apontando os espaços públicos que possuem obras expostas. Acho que outra questão a ser resolvida para transformar Novo Hamburgo em cidade turística é a fiação e os canos de esgoto e canos das águas, já que todos passam por baixo da terra. Isso seria maravilhoso se fosse feito em Novo Hamburgo. Imagina os turistas fotografando um monte de postes, fiação e placas de trânsito? Isto fica horrível.