Combater a fome de maneira articulada com as iniciativas das cozinhas comunitárias é o objetivo do recém lançado Programa São Léo Mais Comida no Prato pela Prefeitura de São Leopoldo.
A cozinha Marielle Franco, na Tancredo Neves, no bairro Arroio da Manteiga é uma das referências do projeto. A pandemia e a crise econômica fizeram com que o problema da fome crescesse, apenas no Rio Grande do Sul são mais de 1 milhão de pessoas que não têm o que comer, segundo dados do conselho de segurança alimentar e nutricional sustentável do estado (CONSEA). Segundo o presidente do conselho, Juliano de Sá, “Quase metade do estado vive com algum grau de insegurança alimentar e nutricional, ou seja, as pessoas não têm acesso aos alimentos. Os estudos apontam que esse retrocesso nos remete ao período anterior à década de 1990”.
Em São Leopoldo, o programa São Léo Mais Comida no Prato, lançado no dia 20 de Junho, pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Assistência Social (SAS), vai subsidiar as refeições servidas por 26 iniciativas comunitárias voluntárias num reforço no combate à fome. Essas entidades e mesmo iniciativas informais já faziam algum tipo de entrega de alimentos, contando com doações e outras parcerias, com o aporte financeiro da Prefeitura de São Leopoldo a ação ganha um novo fôlego e está sendo ampliada, chegando a 18 mil refeições mensais servidas a quem mais precisa. O programa garante o repasse financeiro mensal de R$ 3,50 reais para cada prato servido, quando estiver em uma área de ocupação e R$ 2,50 para as demais áreas, tendo em ambas o máximo de 200 pratos por cozinha. O investimento anual será de 780 mil reais.
De acordo com o secretário titular da Secretaria de Assistência Social Fábio Bernardo, “o objetivo é diminuir a insegurança alimentar e garantir no mínimo duas refeições quentes e com proteínas semanalmente nessas cozinhas por pessoa atendida”. Ele também ressaltou que o programa não tem a intenção de tirar a autonomia das iniciativas, mas sim de subsidiar naquilo que elas têm dificuldade de conseguir através de doações.
Para a coordenadora do espaço Marielle Franco, que é mantido pela Instituição Isaura Maia, Silvana Teresinha Winter, “este programa chega em um momento importante, visto o agravamento da situação econômica das famílias que já estavam em situação de vulnerabilidade, possibilitando a garantia e qualificação das refeições entregues para que possamos continuar na luta contra a fome”. Silvana também explica que as maiores dificuldades enfrentadas por eles são com os alimentos, o gás e alguns equipamentos de cozinha. “Isso aconteceu por causa da pandemia, pois as doações acabaram diminuindo”.
Ao todo eles entregam cerca de 195 refeições, três vezes na semana, sempre iniciando com o sopão. A tendência é que esse número aumente cada vez mais, devido à grande demanda. “A fome tornou-se a grande urgência das famílias, precisamos primeiramente dar o peixe e posteriormente promover possibilidades de autonomia para nossa comunidade, de barriga vazia adoecemos”, ressalta Silvana.
Esses valores serão repassados a Associação Meninos e Meninas de Progresso (AMMEP) que será a Organização da Sociedade Civil (OSC) que irá repassar para as cozinhas os recursos que elas mais tem dificuldade, como a compra do gás, compra da proteína e do óleo de cozinha. Ao todo ele vai representar mais de 18 mil refeições por mês para as famílias em situação de vulnerabilidade da cidade.
Foto: Divulgação/PMSL