Segundo estudo, RS tem índice pífio de tratamento de esgoto; em Novo Hamburgo, números ainda piores
Os números são para questionar a propagada qualidade de vida no Rio Grande do Sul. Segundo estudo feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV), apenas 14,77% da população gaúcha tem acesso a esgoto tratado. Em todo o Brasil, o percentual é bem melhor, subindo para 47%. E o quadro se agrava quando é analisada a colaboração de Novo Hamburgo para estes números.
O município trata somente 1,85% de todo o esgoto que produz. Há projetos, entretanto, para elevar para 14% este índice, ainda abaixo da vergonhosa marca estadual. Para isto, a Administração Municipal está contando com a aplicação de recursos provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, para começar a implementar o sistema de esgoto sanitário nos bairros Boa Saúde, São José e Roselândia.
Novo Hamburgo é apenas o 135º colocado no ranking estadual do Acesso a Esgoto Tratado, liderado respectivamente por Vacaria, Caxias do Sul e Barra do Ribeiro. O município está atrás dos vizinhos Campo Bom (17º), Nova Hartz (30º), Canoas (44º), Esteio (66º), São Leopoldo (92º), Araricá (98º), Estância Velha (127º) e Sapucaia do Sul (132º). Porém, fica à frente de Ivoti (143º), Dois Irmãos (178º) e Sapiranga (208º).
Este ranking, datado de 2000, considera onde há rede geral de esgoto, fossa séptica, fossa rudimentar, ou se o esgoto é jogado em vala, rio, lago ou mar, ou se não há nenhum tipo de sistema sanitário.
A pesquisa da FGV, em parceria com a Organização Não-Governamental (ONG) Trata Brasil, divulgada nesta terça-feira, aponta ainda que, por estados, São Paulo mostra o maior acesso a saneamento básico, com 85%. O município paulista de São Caetano do Sul, por exemplo, é tem a incrível marca de 98,64% de esgotamento sanitário.
Por outro lado, o destaque negativo é mesmo o Rio Grande do Sul. “É um ponto fora da curva”, disse, em entrevista à Agência Brasil, o coordenador do Centro de Políticas Sociais da FGV Marcelo Néri. Embora esse seja um estado bem desenvolvido em vários quesitos, o índice abaixo de 15% de acesso a esgoto tratado é insuficiente para garantir qualidade de vida.
Déficit é nacional
De acordo com dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), 47% dos brasileiros dispõem de esgoto. Em 1992, esse índice era de 36%. Marcelo Néri informou que entre as regiões metropolitanas, Belém (PA) é a que apresenta o menor nível de saneamento (9,3%), enquanto o maior acesso é registrado em Belo Horizonte (MG), da ordem de 84%.
Os especialistas argumentam que a falta de saneamento básico (incluindo o tratamento do esgoto) repercute na qualidade de vida das comunidades e afeta a taxa de mortalidade infantil. Conforme dados oficiais, em Novo Hamburgo, no período de 1991-2000, a taxa de mortalidade infantil diminuiu 1,77%, passando de 21,49 por mil nascidos vivos em 1991 para 21,11 por mil nascidos vivos em 2000. Já em 2006, agora segundo a Prefeitura Municipal, o índice caiu para 10,4%.
A esperança de vida ao nascer cresceu 1,17 anos – passando de 68,94 anos em 1991 para 70,11 anos em 2000. No período de 1991 à 2000 o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Novo Hamburgo cresceu 6,73%, passando de 0,758 em 1991 para 0,809 em 2000.