Enio Klein fala sobre a crise e aponta soluções que poderiam manter empresas no mercado
Em entrevista ao novohamburgo.org, o consultor da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), Enio Klein (foto) diz que as empresas do setor calçadista em geral, estão vivenciando um drama.
“Temos bons exemplos de empresas que estão passando e sobrevivendo a esta crise. Então, por quê as outras não adotaram a estratégia já bem sucedida?”, questiona Klein. E, responde a seguir: “A presença no mercado interno hoje em dia é o caminho para manter-se no mercado. Porém, não é algo que possa ser conseguido da noite para o dia”, observa.
O consultor da Abicalçados lembra que grandes empresas que alcançaram sucesso no exterior começaram e firmaram sua marca própria, primeiro aqui, no Brasil (vide exemplos como Azaléia, Grendene e Alpargatas). “É como no futebol, não dá pra disputar o mundial sem passar pelas competições locais antes”, compara.
Para ele, é o mesmo caso dos atelieres que existem em Novo Hamburgo. “Se o atelier produz só para uma fábrica, acaba fechando, só que esse tipo de fato não é amplamente divulgado, pois são cerca de 20 a 30 demissões”, lembra.
Sobre a concorrência com os chineses, Klein afirma quê em produtos como tênis e calçados masculinos, o Brasil não tem chances. “Nossas chances estão em calçados com valor agregado, como design, nome ou materiais diferentes, por exemplo”, define.
Segundo o consultor, o caminho para fortalecer-se no mercado, é iniciar com o mercado interno, com marca própria, a seguir partir para a América Latina, Europa e por último os Estados Unidos. “Quanto mais rico for o mercado, exemplo dos EUA, maior a dificuldade de penetrar com uma marca própria”, conclui.
Ele comenta ainda, que o calçado é um produto que sempre vai ter forte concorrência, e que as empresas do Vale dos Sinos sentem um pouco de dificuldades em lançar novas coleções a cada 3 ou 4 meses, visto que esta é o cronograma de funcionamento para o mercado de moda.
“Podemos observar facilmente que as empresas aqui do Vale têm dificuldades na questão da sucessão. É raro vermos empresas com mais de uma geração. A tradição calçadista vem de 150 anos. Porém empresas com mais de 50 anos são poucas”, reflete.
Em resumo, Klein salienta, que fortalecer-se internamente para só então tentar o mercado externo, hoje em dia, é uma questão que vale para qualquer atividade empresarial/econômica. Não é mais possível querer vender somente para exportação (ele cita alguns exemplos bem sucedidos como Via Uno, Via Marte e West Coast).