Campanha “Voto Contra a Homofobia, Defendo a Cidadania” procura políticos que disputam o pleito deste ano para assumirem apoio por escrito.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT lançou na última semana um campanha civil para buscar apoio dos candidatos às causas homossexuais no País.
Com o nome “Voto Contra a Homofobia, Defendo a Cidadania”, a campanha pretende obter o apoio da sociedade, com uma lista de candidatos comprometidos com o movimento.
Através da assinatura de um documento de dez tópicos, a ABGLT busca apoio de candidatos a deputados, senadores, governadores e presidentes para a causa. O principal objetivo do movimento é formar uma bancada que possa aprovar projetos contra a discriminação e em favor do casamento gay no Congresso.
Para que isso aconteça, a ABGLT precisa eleger ao menos 269 deputados e 41 senadores comprometidos com a causa, quantidade mínima necessária para aprovar um projeto de lei que garanta a união civil de pessoas do mesmo sexo e direitos aos casais homoafetivos.
“Há um entendimento entre as entidades da causa gay que é preciso combater o conservadorismo do Congresso já nas eleições”, diz Toni Reis, presidente da ABGLT. “Nossa intenção é oferecer opções de voto aos eleitores simpatizantes da nossa causa e despertar o interesse pela discussão antes mesmo dos projetos chegarem ao Congresso. Não existe melhor arma para defender a cidadania do que o voto”, afirma.
O presidente da ABGLT reclama que em 22 anos de vigência da atual Constituição, nenhum projeto de promoção e defesa dos homossexuais foi aprovado no Congresso. Segundo Toni Reis, aos casais homossexuais são negados mais de setenta e oito direitos civis disponíveis para os casais heterossexuais. “O judiciário tem feito a função do legislativo, dando liminares que autorizam a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo, inclusão em planos de saúde e até direito à herança. Isso é papel dos legisladores. É hora deles discutirem seriamente essas questões”, argumenta Reis.
Candidatos
Apesar de estarmos a menos de 45 dias das eleições, apenas 89 dos 22 mil candidatos que disputam o pleito deste ano se comprometeram com a assinatura do documento da ABGLT até agora. Mesmo os candidatos que já formam a atual frente de apoio às causas gays no Congresso estão resistentes a assinar o documento, segundo o presidente da entidade.
“Alguns candidatos não querem assinar e estão com medo de se assumirem (defensores da causa). Mesmo os nossos aliados, que já se comprometeram com o movimento no passado, não gostam de firmar compromissos. Eles dizem que não querem se indispor com as comunidades católicas e evangélicas, onde tem um grande potencial de votos”, conta Toni Reis.
Entre os nove candidatos à Presidência da República, por exemplo, apenas Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) assinou o documento da entidade. Em todo o País, apenas quatro candidatos ao Senado e quatro candidatos a governador se comprometeram com a causa. Favoritos como Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) ou Tarso Genro (PT-RS) não se manifestaram ainda sobre a proposta da ABGLT.
“Estamos negociando com todos eles, inclusive com Serra, Dilma e Marina Silva. As negociações estão avançando, mas a gente sabe que as eleições se aproximam e é preciso correr para que eles se comprometam por escrito com políticas que garantam a diversidade”, justifica o presidente do ABGLT.
Entre os que já assinaram o documento da ABGLT, o Partido dos Trabalhadores – PT lidera com o maior número de candidatos, 49,44%, do total, seguido do PSOL com 19,1%, e do PCdoB com 6,74%. Juntos, os partidos de esquerda somam 67 assinaturas no total.
Mesmo no PSDB, conhecido por também formar um núcleo de militância gay, apenas uma assinatura foi contabilizada até agora, a da candidata Mara Gabrilli, deficiente física e vereadora por São Paulo. No Democratas – DEM, nenhuma assinatura foi registrada nessa primeira semana de movimento.
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