Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra comemora “Aniversário” do Massacre de Eldorado dos Carajás com manifestações e ocupações.
O Dia Internacional da Luta Camponesa, foi “comemorado”, no Brasil, com ações do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e exigências de maior agilidade por parte do governo federal e Poder Judiciário na reforma agrária.
Uma carta, protocolada no Palácio do Planalto, apresenta reivindicações dos movimentos sociais. No texto, o MST afirma que “pouco ou nada foi feito para uma verdadeira reforma agrária” no país. O movimento afirma que faz um pedido semelhante ao que foi atendido aos agroexportadores. Segundo a nota, o agronegócio recebe “vultuosos” investimentos em crédito dos bancos públicos e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Eles reivindicam maior liberação de crédito para a reforma agrária, agilidade na desapropriação de fazendas e assistência técnica nos assentamentos. Ainda em Brasília, 800 trabalhadores ocuparam o prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
A data foi escolhida para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido há exatos onze anos, no dia 17 de abril de 1996. Na ocasião, 19 agricultores foram mortos e 69 ficaram feridos em um confronto com a polícia da região, que fica ao sul do Pará (PA).
Demais estados– No Pará, várias reivindicações foram entregues à governadora do estado, Ana Júlia Carepa. O Diário Oficial do Pará publicou decreto que prevê o pagamento de pensões vitalícias e de indenizações aos sobreviventes do massacre, além de assistência médica por tempo indeterminado. Inicialmente 20 sobreviventes do conflito devem receber o benefício, que pode variar de um salário mínimo a um salário e meio (R$ 380 a R$ 570, nos valores atuais).
Cerca de mil pessoas ocuparam a ponte sobre o Rio Tocantins, no município de Estreito, Maranhão, em protesto contra a instalação da Usina Hidrelétrica de Estreito. Segundo o MST, 8 mil pessoas serão desalojadas para a viabilização da Usina.
Em Pernambuco, mais de 200 famílias ocuparam duas fazendas. Uma delas de propriedade do deputado estadual Ricardo Teobaldo (PMDB-PE). Outras três fazendas foram ocupadas por mais de 600 famílias em Goiás. Na Paraíba, cerca de 600 famílias realizaram protestos contra a monocultura no estado. Uma vigília, com a participação de aproximadamente 200 pessoas marcou a data no Mato Grosso. Enquanto isso, na Bahia, mais de 5 mil trabalhadores estão acampados em uma estação de metrô no centro da cidade.
Além disso, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou documento denunciando a violência na reforma agrária. Segundo o balanço, no ano passado, foram registradas 72 tentativas de assassinato, um aumento de 176,92% em relação a 2005 (26 casos).