Para a gestão de Jerri Meneghetti, prefeito de Dois Irmãos, a educação é um segmento importante para a manutenção do bom desenvolvimento da cidade.
Uma cidade que é referência em qualidade de vida na região e que mantém um forte compromisso com a preservação das raízes germânicas, é assim que podemos definir Dois Irmãos. O jornal O Vale conversou com o prefeito Jerri Meneghetti que, entre as prioridades da gestão, elencou a educação. Eventos como o Natal dos Anjos e o Kerb de São Miguel arrastam visitantes que se encantam com as belezas da cidade de pouco mais de 30 mil habitantes. Confira a entrevista a seguir:
Dois irmãos é uma cidade com fortes raízes germânicas. Como está a organização para a comemoração do bicentenário?
Aqui em Dois Irmãos, nós temos uma preocupação muito forte com a preservação da cultura germânica e com a divulgação dessa cultura. Embora nossa emancipação tenha ocorrido em 1959, nós temos uma história de 200 anos, pois desde o início da imigração já havia uma família aqui, a família Baum e, em 1929, se criou o primeiro povoado com os imigrantes que chegaram depois. Com base nessa história, o governo do Estado escolheu nossa cidade para, no ano passado, iniciar a contagem oficial dos 300 dias para o bicentenário. Instalamos um relógio no centro da cidade que faz essa contagem regressiva. Esse ano todos os eventos que já estão no calendário são alusivos ao bicentenário. Também criamos novos eventos, como cultos ecumênicos, atividades nas escolas e ainda haverá um novo evento que ainda não temos nome, mas que será uma espécie de epopeia apresentado no mês de julho, durante o evento do café colonial.
Falando em festividades, nos últimos anos, o Natal dos Anjos tem sido cada vez maior. Qual a importância do evento para a cidade?
O Natal dos Anjos começou em 1995 pequeno, num trechinho da Avenida São Miguel e foi criando corpo. Atualmente, o Natal dos Anjos é considerado, por alguns, o segundo maior evento natalino do Rio Grande do Sul, estando apenas atrás do Natal Luz, de Gramado, em termos de público. O Natal dos Anjos tem um propósito diferente, não tem um apelo comercial tão grande. A gente procura fazer um Natal comunitário. Aqui, o visitante vai encontrar coisas vinculadas à religiosidade, trabalhos artesanais, atrações gratuitas e decoração a céu aberto, o que lembra muito as feiras de Natal da Alemanha.
Outro evento que atrai muita gente é o kerb. Quais os planos para esse evento?
O Kerb tem uma característica um pouco diferente. Às vezes, as pessoas vêm para o Kerb na expectativa de encontrar uma espécie de oktoberfest e não é bem assim. Por isso, a gente deixa a organização para administração municipal. A ideia do evento é que ele mantenha as suas tradições, com bandas típicas, as famílias com seus trajes e crianças frequentando o evento com segurança. Depois do evento de 2019, em que tivemos um público muito grande e a organização não deu conta de manter o ambiente confortável para todos, adequamos o evento e estabelecemos algumas mudanças que foram implementadas a partir do Kerb de 2022. Começamos a fechar o perímetro da festa e cobrar ingresso. No início, as pessoas não gostaram muito, mas no último dia do evento recebemos muitos elogios pela organização do evento. Até 2019, a gente tinha um investimento da prefeitura muito alto e pouco retorno. Mas, com a cobrança de ingresso e reorganização, a diferença entre receita e despesa reduziu muito e a projeção é que, a partir desse ano, a receita iguale com a despesa ou até mesmo ultrapasse.
Atualmente, o Natal dos Anjos é considerado por alguns o segundo maior evento natalino do Rio Grande do Sul, estando apenas atrás do Natal Luz, de Gramado, em termos de público.
Qual o maior desafio na geração de empregos atualmente?
A política econômica nacional é o que impacta mais na estabilidade das nossas empresas. A parte do município temos feito, auxiliando e colaborando com a expansão das empresas. Temos nossa lei de incentivo, seja através de ajudar com terraplanagem, através de isenção de impostos, mas a regulação de mercado fica a cargo da política nacional. Essas empresas que estão aqui não vendem para Dois Irmãos, vendem para o País todo. Ano passado foi pessimista, mas esperamos que esse ano seja melhor. Mesmo diante desse cenário, a cidade tem um bom desempenho na geração de empregos. O Sine aqui da cidade tem várias oportunidades em aberto.
Recentemente, uma nova gestão assumiu o comando do hospital. Por que a prefeitura entendeu que deveria ser feita essa mudança?
Temos um hospital que é do município. Ele foi adquirido em 2013, quando eu era secretário da Saúde do município. Ter um hospital municipalizado tem muitos desafios. As compras precisam ser licitadas, o que não garante qualidade, precisaria fazer concurso e com isso iríamos aumentar muito a folha de pagamento. Diante disso, foi diagnosticado que seria melhor ter essa gestão terceirizada. Com a ajuda do Tribunal de Contas do Estado, construímos um edital que nos permite um poder maior de cobrança. A fila para as cirurgias já reduziu muito e a tendência é que melhore mais ainda. Estamos acompanhando de forma atenta.
Quais os investimentos previstos para saúde?
Tínhamos algumas queixas pontuais nas Unidades Básicas de Saúde sobre demora para marcação de consulta, por exemplo. Os primeiros dois anos da gestão foram muito desafiadores em termos de saúde aqui no município, pois era o período mais grave da pandemia e depois tivemos um surto de dengue. Então, a partir do final de 2022 e início de 2023, iniciamos uma reestruturação nas UBS’s, de adequação de horário, de pessoal, de tudo. Deixamos 40% dos horários em aberto para aquelas pessoas que precisam de atendimento no dia. As demais, voltam pra casa com sua consulta já marcada. Isso solucionou o problema e eliminou as reclamações.
Meus filhos, eu coloco na escola pública. Porque eu confio nas nossas escolas e quero que a população confie também.
Os professores da rede municipal estão passando por uma capacitação na Feevale, certo? Qual o objetivo?
A educação para nós é uma área extremamente estratégica e prioritária. A capacitação já tem sido praxe nos últimos anos, mas esse ano a gente fez uma parceria mais robusta com a Feevale, que tem o objetivo de se estender ao longo do ano. Além dessa, temos parceria com o Sebrae, com o objetivo de trabalhar o empreendedorismo com as crianças. Temos outras formações específicas em grupos de professores por disciplina. Estamos investindo pesado em educação. Até novembro do ano passado, havíamos reformado 70% das escolas municipais. E os outros 30% já temos algumas em obras, outras em licitação e as demais em projeto. Não paramos! Embora seja algo que não se vê, pois está lá, só quem usa são alunos e professores, mas independente da projeção a gente vai fazer. Meus filhos, eu coloco na escola pública. Porque eu confio nas nossas escolas e quero que a população confie também.