Constantes quedas são atribuídas à falta de liquidez do mercado imobiliário americano que representa 60% da economia local
O economista gaúcho Igor Morais, doutor em economia pela UFRGS, acredita que dólar deve continuar subvalorizado, pelo fato da atual crise financeira mundial ter iniciado seu processo no mercado imobiliário americano, que tem 60% de sua economia baseada neste setor, que desde o ano passado vem sofrendo uma redução no nível de atividade.
O economista abordou este assunto dentro do “Economia & Negócios”, da segunda-feira, na Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI), de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha.
Igor Morais toma como base os dados divulgados na semana passada, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que apresentou suas “Perspectivas Econômicas Mundiais” semestrais, onde prevê uma expansão do Produto Interno Bruto Mundial (PIB) de 4,8%, enquanto que, em julho, previa uma expansão de 5,2%.
O economista argumenta que a grande dificuldade dos empresários americanos em dar o salto sobre este momento econômico difícil por que passa o país está na falta de liquidez. Segundo ele, empréstimos foram concedidos aos cidadãos sem averiguação das reais condições de pagamento e exigindo em contrapartida como garantia, apenas o imóvel, mas em momento algum teriam pedido comprovante de renda e garantias financeiras.
As turbulências nos mercados financeiros provocaram uma redução de quase meio ponto percentual nas previsões de crescimento mundial em 2008, segundo o FMI. Mesmo diante deste momento de forte instabilidade mundial, fato é que o Brasil está menos vulnerável devido a indicadores macroeconômicos mais sólidos. Porém, uma possível desaceleração no ritmo de crescimento mundial também afeta o Brasil, principalmente em setores voltados ao comércio exterior.
As revisões mais fortes foram realizadas para os Estados Unidos, onde o crescimento deverá se situar em 1,9% em 2008, contra os 2,8% previstos inicialmente, principalmente por causa da crise no setor imobiliário residencial. As previsões do Fundo consideram como hipótese uma nova queda de 5% nos preços dos imóveis nesse país. Para o analista econômico Igor Morais, “o dólar permanecerá subvalorizado em 2008, em relação aos parâmetros fundamentais de médio prazo”.