DTG Camboatá do Grêmio Atiradores apresentou coreografia inspirada na obra de Pedro Alves Filho, unindo dança, teatro e memória cultural, e reforçou o orgulho hamburguense no cenário estadual.
O Departamento de Tradições Gaúchas (DTG) Camboatá, do Grêmio Atiradores Novo Hamburgo, brilhou recentemente ao representar a cidade e o Vale do Sinos no Juvenart, em Santa Maria, levando aos tablados a história de Novo Hamburgo por meio de uma coreografia inspirada na obra do escritor Pedro Alves Filho. A apresentação, resultado de meses de pesquisa e ensaios, emocionou o público e reforçou a importância do tradicionalismo como ferramenta de preservação cultural e integração comunitária.
O trabalho do DTG Camboatá foi destaque no programa Estação Hamburgo, da Vale TV, da última quinta-feira, apresentado por Rodrigo Steffen.
O orgulho de carregar o nome de Novo Hamburgo esteve presente em cada passo, acorde e expressão dos 32 integrantes da invernada juvenil do DTG Camboatá. Sob a liderança do patrão Luciano Pereira da Rosa e com a coreografia idealizada pelo instrutor Everton, o grupo apresentou um espetáculo que uniu dança, teatro e história local. A temática, centrada na obra de Pedro Alves Filho e na trajetória do setor calçadista, trouxe ao palco elementos da identidade hamburguense, valorizando suas raízes e tradições.
A preparação começou meses antes, com pesquisa histórica detalhada para garantir a fidelidade ao contexto retratado. A partir dessas informações, um estilista desenvolveu as pilchas especialmente para o espetáculo, adaptando-as à época e ao perfil social dos personagens representados. “Não é apenas dançar. É contar uma história com responsabilidade e respeito pela nossa cultura”, destacou Luciano.
A pré-estreia, realizada no galpão do DTG Camboatá, foi marcada por casa cheia: cerca de 350 pessoas lotaram o espaço, com ingressos esgotados duas semanas antes. O evento reuniu familiares, amigos e apoiadores, criando uma atmosfera de emoção e pertencimento. “Foi o auge do Camboatá até hoje, um momento que nos deixou realizados”, afirmou o patrão.
Trajetórias inspiradoras
Entre os destaques da invernada juvenil está Ágatha Rafaely Schmitz, 18 anos, que ingressou no tradicionalismo aos 9 anos e, atualmente, é a primeira prenda juvenil da 30ª Região Tradicionalista. Sua trajetória inclui conquistas em concursos de ciranda de prendas e representações em eventos estaduais. Para ela, o CTG é mais do que dança: é um espaço de aprendizado e formação cidadã. “A vivência no tradicionalismo ensina respeito, valores e fortalece a identidade cultural”, afirmou.
Outro exemplo é Rafael Feliciano Pereira da Rosa, também com 18 anos, que iniciou no DTG aos 4 anos. Com experiência em diversas modalidades, incluindo a chula, ele se prepara para ingressar na categoria adulta e disputar o Enart, um dos maiores eventos de danças tradicionais gaúchas. “Viver o CTG é vestir a cultura no dia a dia, desde a música até o chimarrão na escola”, disse.
Mais do que dança
O DTG Camboatá mantém diversas invernadas — pré-mirim, mirim, juvenil e adulta —, além de equipes de bocha campeira, que já conquistaram títulos regionais. Ao todo, mais de 30 jovens participam das danças tradicionais, um número expressivo para o movimento na região. O grupo integra a 30ª Região Tradicionalista, que abrange 12 municípios do Vale do Sinos e arredores.
O calendário anual é elaborado com cuidado para evitar conflitos com outros eventos tradicionais e garantir a participação nos principais rodeios e festivais. A programação inclui bailes, cursos, pré-estreias e competições, sempre buscando fortalecer os laços com a comunidade. “A dança vicia, no bom sentido. É exercício físico, mental e emocional”, comentou Luciano, que também participa da invernada veterana.
Tradição que se renova
A história do DTG Camboatá está intrinsecamente ligada ao Grêmio Atiradores, que completou 133 anos em 2025. Com quase quatro décadas de existência, o departamento já abordou em suas coreografias diferentes aspectos da cultura regional, sempre priorizando temas ligados ao Vale do Sinos. No passado, o grupo apresentou espetáculos sobre a imigração alemã e até sobre as Olimpíadas, conquistando reconhecimento e premiações.
A escolha por homenagear Pedro Alves Filho neste ano reforça o compromisso com a valorização da produção cultural local. Para o instrutor Everton, responsável pela concepção artística, a inspiração veio da possibilidade de transformar literatura em movimento, aproximando diferentes expressões artísticas.
O papel social do DTG Camboatá
Mais do que palco para apresentações, o Camboatá, assim como os CTGs de maneira geral são um espaço de convivência e formação. Muitos integrantes, como Ágatha e Rafael, não tinham familiares ligados ao tradicionalismo, mas encontraram no DTG um ambiente de acolhimento e aprendizado. “Criar meus filhos no Camboatá me deu tranquilidade, porque sabia que estavam em um lugar seguro e de respeito”, contou Luciano.
O movimento tradicionalista gaúcho mantém ações de aproximação com escolas, levando oficinas e apresentações para crianças e adolescentes. A proposta é despertar o interesse pelas tradições desde cedo, fortalecendo a cultura e incentivando a participação comunitária.
Olhar para o futuro
Com um grupo jovem e engajado, o DTG Camboatá projeta novos desafios para os próximos anos, incluindo a consolidação da invernada adulta e a participação em competições de alto nível, como o Enart. A combinação de experiência, renovação e paixão pela cultura gaúcha garante que a tradição seguirá viva em Novo Hamburgo e no Vale do Sinos.
“Nosso objetivo é manter viva a história e a cultura, levando o nome de Novo Hamburgo cada vez mais longe, mas sem perder as raízes”, concluiu o patrão.
Clique na imagem abaixo para assistir ao programa Estação Hamburgo no canal da Vale TV no YouTube:
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Debate realizado no dia 7 de agosto de 2025 no programa Estação Hamburgo, apresentado por Rodrigo Steffen.