Vice-presidente da ACI apresenta dados e diz que crise do calçado é maior do que parece ser
Um cenário mais assustador do que parece. É desta forma que Jorge Faccioni, vice-presidente de Negócios Internacionais da ACI abordou o drama calçadista em reunião-almoço na entidade, nesta quinta-feira.
Faccioni falou sobre a vocação da região em produzir calçados e alertou para a confusão que notícias relacionadas ao setor acabam provocando. Explicou que, quando um veículo de comunicação traz a informação de aumento nas exportações, por exemplo, não há uma explicação sobre o porquê da manutenção da negatividade.
Para justificar este raciocínio, ele citou o exemplo da Reichert Calçados, empresa de Campo Bom que recentemente anunciou o encerramento de suas atividades, culminando na demissão de mais de 5 mil funcionários em todas suas unidades. Segundo Faccioni, a Reichert teve um crescimento de 16% no faturamento anual, o que não impediu a falência.
O vice-presidente da ACI atribui este drama à questão cambial. Ele acredita que o dólar se manterá até dezembro de 2007 cotado entre R$ 1,85 e R$ 1,95, valor que atormenta o setor exportador, principalmente o calçadista.
O noticiado aumento nas exportações, segundo ele, no entanto, mascara uma dura realidade. Faccioni explicou que o incremento se dá em razão da elevação do preço médio do par, que subiu 56% entre 2003 e 2006 no Rio Grande do Sul, passando de R$ 9,40 para R$ 15,36. Este aumento foi maior do que na grande crise dos anos 90, quando o preço foi elevado em 12% entre 1993 e 99.
Entretanto, explica Faccioni, a queda no número de pares exportados é gigantesca. Conforme o vice-presidente da ACI, entre 2003 e 2006, o Estado exportou 30% menos. Em um período bem maior, entre 93 e 99, a queda havia sido de 37%. “Foram perdidos 21 milhões de pares em 2005, 17 milhões em 2006 e, até agora, 5,5 milhões de pares em 2007”, revela.
De posse destes números, Faccioni justificou sua afirmação de que a crise calçadista atual é maior e mais preocupante do que a registrada nos anos 90, quando várias empresas de Novo Hamburgo e região fecharam suas portas.
Ele ainda criticou o conjunto de medidas que o Governo Federal anunciou para o setor calçadista no programa denominado Revitaliza e o classificou como “não um balde de água fria, mas de gelo sobre os empresários”.