Nesta quarta-feira (13), a nossa reportagem foi recebida pela diretora do Hospital Regina, Gisele Albaneo. O tema: o retrocesso que poderá vir a Novo Hamburgo: o fim do tratamento oncológico no município, como referência, a partir da transferência da diretriz para o Hospital Bom Jesus, de Taquara.
Gisele iniciou a conversa, com uma única frase: “Nós não queríamos a saída da oncologia daqui. É claro isso, nós lamentamos demais”, afirma Gisele. Ao iniciar a explicação, a diretora fez uma linha do tempo.
• 1999 – começam os serviços de atendimento oncológico no Hospital Regina, após grande ação da Liga Feminina de Combate ao Câncer.
• 2007 – A Instituição é habilitada pelo Ministério da Saúde a promover serviços de oncologia.
Em 2014, segundo Gisele, o hospital começa a receber o represamento da demanda de pacientes. E buscou a prefeitura municipal de Novo Hamburgo para realizar a primeira repactuação financeira. Em 2015, foi feita a primeira repactuação financeira, de 270 mil reais.
De 2015 a 2018, foram feitas diversas reuniões e trocas de ofício para que a repactuação fosse feita, segundo a diretora. E, hoje, segundo Albaneo, após movimentações do poder público em 2018, o valor ainda é baixo, e até menor do que o oferecido em 2015.
Além disso, Gisele lembra que, há 4 anos, após investigação do Ministério Público Federal (MPF), foi aberta uma Ação Civil Pública para averiguar o representamento e as solicitações do Regina.
2021
Para o Hospital, a surpresa veio em 7 de dezembro do ano passado, quando um ofício foi enviado ao hospital, afirmando que quatro municípios do Vale do Sinos trocariam sua referência para Taquara. Neste momento, o Regina afirma que uma decisão já podia estar tomada: o fim do tratamento na casa de saúde. “É claro que queremos oferecer tratamento. Mas também precisamos pensar na saúde financeira do hospital, afinal, somos uma entidade filantrópica”, disse a diretora. Segundo o Regina, são mais de 2050 pacientes em atendimento na casa de saúde. Para Campo Bom, a mudança resultou positivamente, em 57 agendamentos de consultas para pacientes da cidade no intervalo de um mês. Antes, no Hospital Regina, de Novo Hamburgo, o município tinha direito a apenas dez atendimentos por mês. Mas, são casos diferentes: Novo Hamburgo tem centenas de consultas mensais.
TRAJETÓRIA
Foi no dia 4 de janeiro deste ano que o Regina afirmou que não iria mais receber pacientes SUS. “Foi uma surpresa. A decisão é do hospital”, afirmou a secretária da Saúde, Arita Bergmann.
LIGA
A presidente da Liga Feminina de Combate ao Câncer, Regina Dau, disse a reportagem: “Triste para todos pacientes SUS oncológicos, em tratamento, ou a espera dele, que terão que se tratar fora da sua cidade. Nós que representamos uma entidade que apoia e tenta amenizar esta dor e ajuda especificamente este paciente, estamos tristes como toda comunidade , pelo retrocesso da saúde pública em NH”, disse ela. “Não temos em nossa cidade hospitais para atender esta população já tão fragilizada, de baixa renda e doente”, completa.