Desde fins de outubro e início do mês de novembro de 2006, estamos assistindo um Rio dos Sinos colapsar devido a grande poluição de suas águas por efluentes líquidos industriais não tratados e esgoto cloacal, pela defasagem em 50% do índice pluviométrico em relação a novembro de 2005, e uma vazão que vem diminuindo de modo preocupando, dia após dia.
O que está ainda mantendo o nível do nosso Rio, até agora, são as águas da Bacia do Caí, pela transposição de três barragens do sistema Salto, para o Rio Paranhana, afluente do Rio dos Sinos.
Assim, devido às mudanças climáticas, que estão afetando nossos recursos hídricos ano após ano, a perspectiva é de que a escassez de água se torne cada vez mais severa. Além de tudo isso, um dos motores do clima no mundo dá sinais de mudança.
Pesquisas indicam que alterações no Amazonas e na monumental rede de rios à sua volta deixarão o clima da maior floresta tropical do planeta mais quente e seco. As conseqüências serão sentidas muito além das fronteiras da mata, não só no Brasil, mas em toda a Terra.
O alerta está em estudos de observações e modelos climáticos desenvolvidos pelo grupo do climatologista José Marengo, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe).
Segundo o estudo, da floresta e dos rios vêm os ventos que trazem chuva para o Sul e o Sudeste do Brasil. Menos ventos úmidos significarão uma frequência maior de estiagens nessas regiões.
Conforme este estudos o regime de chuva no Sul do Brasil é extremamente dependente da umidade proveniente da Amazônia. “A umidade associada ao ar quente que vem do norte serve como alimento para a intensificação das frentes frias que avançam do sul”, ressaltou o meteorologista da MetSul, Eugenio Hackbart.
Ressalta ainda que o avanço da agricultura sobre as áreas de floresta pode estar comprometendo a agricultura das áreas tradicionais de cultivo do Sul do Brasil com enormes implicações econômicas.
Por outro lado, as grandes e sucessivas queimadas da Floresta Amazônica, estão colocando o Brasil, num desonroso 4º lugar, como responsável pelo aumento do efeito estufa. Se a Amazônia é fundamental para o equilíbrio climático de todo o planeta, imagine a importância que ele representa para o Sul do Brasil que sofre sua influência direta no regime de precipitações.
Portanto, se dependemos 100% do Rio dos Sinos, de onde vamos retirar água para abastecer 1,3 milhão de pessoas?
A Bacia do Gravataí está em pior estado do que a do Sinos. Então, não nos resta outra alternativa senão a de reduzir o nosso consumo de água, utilizando-a apenas para nossas necessidades básicas e essenciais e de forma racional, sem desperdício.
Lavar com água tratada, calçadas, carros e etc., encher piscinas e regar jardins, é algo inadmissível e deverá ser proibido, pois qualquer quantidade de água é valiosa para nossa subsistência.
Se usarmos a água com sabedoria, não precisaremos chegar a total falta de água, com a paralisação de todas as atividades econômicas e sociais e a tal ponto de termos de escolher entre dar água para nosso animal de estimação ou usá-la apenas para saciar a nossa sede e a de nossos filhos, como aconteceu em Santa Maria, Santa Rosa e Bagé.
Não há mais como reverter os efeitos resultantes do que já foi feito em termos de agressão à natureza, mas podemos amenizar, mudar nosso comportamento, nossa atitude em relação ao meio ambiente, recuperando o que foi degradado e ao mesmo tempo, reduzindo o consumo de água, usando-a apenas para satisfazer as nossas necessidades básicas, conservando e preservando nossos recursos naturais.
Entramos numa nova era: A era da ADAPTAÇÃO.
Adaptação às mudanças climáticas que nos surpreenderão com suas alterações imprevisíveis.
Nunca se saberá quando um tornado atingirá um cidade destruindo tudo o que estiver em seu caminho, mas podemos esperar por novos furacões da intensidade do Catarina.
Então, pensemos em nosso futuro com responsabilidade, ajudando a preservar o que ainda nos resta.
Está em nossas mãos o futuro dos nossos recursos hídricos
Faça a sua parte. A união faz a força.