“Um verdadeiro descaso”. Foi assim que afirmou a ex-presidente da Liga Feminina de Combate ao Câncer, Carmen Gerhardt, em entrevista ao DuduNews, neste sábado (16). Ao lado de outras lideranças femininas de Novo Hamburgo, Carmen falou sobre a revolta da cidade não ser mais referência no tratamento do câncer para quase mil pessoas.
“Ver isso é muito triste. Desde a fundação da Liga, nosso forte time e equipe, todos solidários e pensando no bem da comunidade, tem um lema: atender a todos. Fico me perguntando: como será isso agora?”, disse Carmen.
A hamburguense lembrou a luta para trazer o tratamento para Novo Hamburgo – e a fundação da LFCC. “Foi uma luta. Lembro-me do início, da história, de tudo. Foi uma luta e tanto”, conta Carmen.
LOGÍSTICA
Carmen explicou como funciona o trabalho da Liga, hoje, dentro do Hospital Regina. “Após sair da oncologia, o paciente passa em corredor, onde já está na sede da Liga. Lá, ele recebe sua medicação, alimentos via oral, orientado por nutricionistas voluntárias. Se é preciso um colchão piramidal, fraldas, e tantos e tantos outros produtos, enfim, todas necessidades, estão lá. Além disso, na sede da Liga, existem psicólogas, fisioterapia, enfermagem, tudo gratuito para que mais precisa”, conta.
PACIENTE
Carmen também faz a seguinte pergunta: “E a logística do paciente? Ele precisará enfrentar uma van a Taquara – 45km a distância, voltar, e ainda ter que ir na sede da Liga (na rua Tupi, próximo a rua Frederico Linck)”, ir pegar seus tratamentos? Veja a tamanha dificuldade que eles terão”, explica.
SEM TRATAMENTO
O atendimento aos pacientes oncológicos dos municípios de Novo Hamburgo, Ivoti, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos, que eram referenciados pelo Hospital Regina, em Novo Hamburgo, foi encerrado após decisão da própria instituição, segundo o estado. A secretária estadual da Saúde lamentou: “É lamentável, mas garantimos o atendimento em Taquara”, disse Arita Bergmann.
Foi no dia 4 de janeiro deste ano que o Regina afirmou que não iria mais receber pacientes SUS. “Foi uma surpresa. A decisão é do hospital”, afirmou a secretária. O Regina se manifestou, em nota, afirmando que “a busca pela repactuação dos valores da oncologia não é recente. A Instituição tem dialogado com o Ministério da Saúde, Estado e Municípios há mais de seis anos, apresentando os dados e a crescente preocupação com o aumento da demanda”.