No combate incansável contra a propagação da dengue, uma nova tática está ganhando destaque nos municípios do Rio Grande do Sul. Conhecida como “ovitrampa”, essa estratégia inovadora utiliza o levedo de cerveja para atrair o Aedes aegypti, o temido mosquito transmissor da doença.
A ideia por trás da “ovitrampa” é engenhosamente simples: as fêmeas do Aedes aegypti são atraídas pelo cheiro do levedo de cerveja e buscam depositar seus ovos em recipientes com água parada. Dentro desses recipientes, uma pequena palheta de madeira serve como local para a fêmea depositar seus ovos. Após cinco dias, a água é descartada, enquanto o material é enviado para laboratórios especializados, onde os ovos são contados minuciosamente.
Essa contagem permite identificar os locais com maior proliferação do inseto, fornecendo informações cruciais para direcionar e intensificar as ações de combate ao mosquito. Em municípios como Estância Velha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, os resultados são impressionantes: em janeiro, foram identificados 5 mil ovos depositados nas armadilhas, um aumento significativo em relação aos 1,2 mil ovos registrados em dezembro do ano anterior.
O Rio Grande do Sul desponta como pioneiro no uso em larga escala das “ovitrampas”, com 52 cidades adotando essa estratégia inovadora. Cada uma dessas cidades implementou entre 50 e 100 armadilhas, tornando possível um mapeamento detalhado da infestação pelo mosquito da dengue.
Para Marcelo Vallandro, diretor-adjunto do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), a “ovitrampa” se destaca não apenas por sua eficácia, mas também por seu baixo custo. Essa abordagem acessível e inteligente oferece uma maneira econômica de monitorar e combater a proliferação do Aedes aegypti, contribuindo para a proteção da população contra a dengue e outras doenças transmitidas por mosquitos.
Apesar dos esforços e avanços na luta contra a dengue, o desafio ainda é imenso. Dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, impressionantes 94% registram infestações pelo mosquito da dengue. A gravidade da situação é enfatizada pelos números: a Secretaria Estadual da Saúde já confirmou 2,9 mil casos da doença e dois óbitos, um em Tenente Portela e outro em Santa Cruz do Sul.