Programa Estação Hamburgo reuniu lideranças políticas para discutir economia, saúde, gestão pública e futuro da região, em clima de trocas intensas e reflexões sobre democracia.
Na noite de 1º de setembro de 2025, o programa Estação Hamburgo, transmitido pela Vale TV para toda a região do Vale do Sinos, abriu espaço para um dos debates mais instigantes das últimas semanas. A bancada recebeu nomes de peso: o ex-prefeito de Campo Bom e atual integrante da Casa Civil do governo estadual, Luciano Orsi; o advogado e analista político Leandro Zambrano; o empresário e ex-secretário municipal Gilberto dos Reis (Betinho); e o empresário e ex-vereador Fufa Azevedo.
Mediado pelo jornalista Rodrigo Steffen, o encontro foi marcado por provocações, divergências e consensos em torno de temas centrais como isenções fiscais, saúde pública, papel do Congresso Nacional, desigualdade social, desenvolvimento regional e a crise administrativa em Novo Hamburgo.
Democracia e polarização política
Logo nos primeiros minutos, os convidados se posicionaram diante da polarização que marca o cenário nacional. Fufa Azevedo defendeu a importância de a sociedade “reaprender a conversar”, criticando a lógica de esquerda versus direita e pedindo foco em soluções práticas. Ele apontou o peso das isenções fiscais bilionárias concedidas a grandes empresários, questionando a falta de retorno social dessas medidas e defendendo uma tributação mais justa para financiar políticas públicas essenciais.
Luciano Orsi, por sua vez, ponderou que incentivos podem ter valor estratégico quando vinculados à geração de empregos e desenvolvimento local, mas reconheceu a necessidade de critérios mais claros. “Dar isenção por dar isenção não resolve”, destacou, lembrando que a reforma tributária pode corrigir distorções e equilibrar a disputa entre municípios e estados.
O peso da saúde nos municípios
Outro tema central foi a crise do Sistema Único de Saúde (SUS) e o subfinanciamento da área. Azevedo criticou a falta de reajuste das tabelas do SUS por mais de dez anos, destacando que municípios ficam sobrecarregados para manter os serviços básicos. Betinho confirmou: “Com apenas 15% da receita, os municípios não sustentam a saúde. Em Novo Hamburgo, a prefeitura chega a investir quase 30%”.
A crítica se intensificou diante da denúncia de que Novo Hamburgo suspendeu cirurgias cardíacas por falta de pagamento ao Instituto de Tratamento Cardiovascular (ITC), colocando em risco não só moradores locais, mas também pacientes de toda a região, já que o município é referência nesse tipo de atendimento.
Gestão municipal sob questionamento
A ausência do prefeito Gustavo Finck, em viagem à Colômbia, também foi alvo de debate. Para os participantes, a decisão de não transferir o cargo ao vice-prefeito Gerson Ras demonstrou falta de respeito institucional em um momento de crise. “É o décimo episódio de desrespeito com o vice-prefeito”, criticou Fufa, lembrando que a cidade enfrenta problemas administrativos graves e carece de liderança presente.
Além disso, a saída do diretor da FENAC acendeu alertas sobre a instabilidade da gestão. Comparações com São Leopoldo e Campo Bom destacaram o contraste: enquanto os municípios vizinhos diversificaram suas matrizes econômicas, Novo Hamburgo ainda sofre os efeitos da crise do setor calçadista e carece de planejamento de longo prazo e de diferentes perspectivas.
Desigualdades regionais e propostas de futuro
O debate ressaltou a necessidade de um pacto regional de desenvolvimento para o Vale do Sinos. Fufa defendeu a criação de um conselho estratégico, reunindo entidades, universidades e lideranças, com foco em identificar setores prioritários para Novo Hamburgo, de forma semelhante aos polos tecnológicos e distritos industriais que hoje fortalecem São Leopoldo e Campo Bom.
Os convidados também abordaram a disparidade na renda média: enquanto em Novo Hamburgo o valor gira em torno de 2,5 salários mínimos, em São Leopoldo já ultrapassa 3,2 salários, reflexo de políticas de diversificação econômica mais consistentes.
Cultura, proximidade e humanização da política no Estação Hamburgo
Apesar das divergências, momentos de descontração marcaram a noite. Orsi relembrou sua ligação com a música e com o público nos tempos de CTG, ressaltando como a cultura aproxima os políticos da comunidade. Brincadeiras entre os convidados revelaram também o lado humano das lideranças, reforçando a importância da política feita com diálogo e respeito.
Na audiência, telespectadores participaram ativamente por WhatsApp e redes sociais, demonstrando preocupação com o custo de vida, a alta dos alimentos e a necessidade de soluções para problemas cotidianos. “É no supermercado que o governo mais perde apoio”, comentou o advogado Zambrano, ecoando o sentimento popular diante da inflação sentida na mesa das famílias.
O Estação Hamburgo mostrou que, mesmo em um cenário de tensões e divergências, há espaço para convergência em torno de questões fundamentais para a comunidade: saúde, desenvolvimento econômico e justiça social. O Vale do Sinos, mais uma vez, demonstrou ser um território de debates vivos, onde os rumos do futuro se desenham a partir da pluralidade de vozes.
Clique na imagem abaixo para assistir ao programa Estação Hamburgo no canal da Vale TV no YouTube:
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Debate realizado no dia 1º de setembro de 2025 no programa Estação Hamburgo, apresentado por Rodrigo Steffen.
