Episódio envolvendo “Colírio Capricho” que denunciou agressões feitas através da Internet chama a atenção para o debate.
Mônica Neis Fetzner [email protected] (Siga no Twitter)
Muito magro. Muito gordo. Muito alto ou baixo… Características físicas que sempre foram matéria-prima de piadas entre jovens.
Até aí, nenhuma novidade. O que mais preocupa pais e especialistas no tema agora, no entanto, é a propagação desses comentários depreciativos com as facilidades oferecidas pela Internet. E os perfis extremos não são os únicos alvos.
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Conheça o Twitter de Felipe Nardoni
Para entender esse fenômeno o Portal novohamburgo.org ouviu a psicóloga e professora Mariane Mendes Ribeiro, coordenadora do Centro Integrado de Psicologia – CIP da Universidade Feevale. Ela explica que sempre estão expostas à ridicularização “pessoas que, por alguma razão, estão em evidência e provocam nos outros – inconscientemente ou não – afetos e sentimentos ambivalentes”.
A professora fala também sobre os motivos que levam os jovens a cometer o que se convencionou chamar de bullying. “As pessoas que praticam estão muito incomodadas com algo que o outro espelha para si, seja uma carência ou mesmo uma diferença”.
Colírio
Recentemente, Felipe Nardoni (foto), de 17 anos, se viu famoso entre as adolescentes brasileiras. Participou do reality show Colírios Capricho, que reuniu 10 garotos no QG Colírios durante 42 dias.
Depois da notícia de uma suposta tentativa de suicídio ter circulado no serviço de microblogs Twitter, motivada pelos freqüentes ataques de um usuário que utilizava a conta “@fucknardoni”, Felipe esclareceu: “Eu jamais pensaria em tentar cometer suicídio. O problema é que as piadinhas e agressões aumentaram depois disso. Bullying não é brincadeira, mas vou tentar levar a minha vida normal, só quero paz”.
O episódio vai ao encontro da opinião de Mariane Mendes Ribeiro e ilustra o perigo das acusações e chacotas feitas por uma tela de computador. “Pela Internet, a pessoa fica mais exposta e não tem uma condição de se colocar numa posição de enfrentamento da situação, produzindo uma sensação de impotência”.
Como reagir
O fato de as crianças estarem em contato com a rede mundial de computadores cada vez mais cedo e, conseqüentemente, precocemente expostas ao cyberbullying preocupa os pais. Velhos questionamentos, como “proibir causa o efeito contrário?” e “liberar demais vai prejudicar meu filho?”, reacendem.
Para os mais “atucanados”, a mensagem é de calma. “Reprovações fazem parte da vida, ajudam a crescer, desde que sejam discutidas com a criança e colocadas de uma forma que ela possa entender e pensar novas possibilidades de atuação”, avalia Mariane Mendes Ribeiro.
Sobre a necessidade de interferência dos pais no comportamento dos filhos, a psicóloga é taxativa. “Os pais sempre devem orientar seus filhos, conversar sobre os seus sentimentos, não apenas reprovar ou reprimir. Compartilhar experiências é um caminho bastante profícuo”, finaliza.
FOTO: reprodução / Colírios Teen