Organizadores dizem queda no público, em relação a 2006, motiva mudanças para a edição de 2008
A 8ª Edição da Courovisão, realizada na Fenac, em Novo Hamburgo, encerra nesta quinta-feira, com um desfile de moda em couro da estilista Liziane Reichert. Depois de três dias de atividades, o presidente da Fenac, Julio Camerini, e os representantes das entidades promotoras, disseram que o evento recebeu pouco mais de 4 mil visitantes e ficou aquém das expectativas, abaixo da visitação do ano passado.
Ficou a certeza para os organizadores de que somente uma mostra de moda em 2008 poderá garantir um sucesso do evento. Camerini adiantou que a Fenac fez uma pesquisa com os expositores e tirou como melhor data os dias 30 de setembro, 1 e 2 de outubro.
“Vamos dialogar com as entidades parceiras a possibilidade de realizar uma mostra com a antecedência de 45 a 60 dias, para servir como base de lançamento de moda”, adiantou Camerini.
O presidente da Associação das Indústrias de Curtumes do Rio Grande do Sul e representante do CICB – Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil, Francisco Gomes avaliou que a feira não atingiu aquela visitação esperada, porém serviu como lançadora de moda.
Em entrevista ao novohamburgo.org, ele citou que as maiores dificuldades do setor está na retenção de créditos tributários por parte do governo Federal e na não aceitação por parte do governo Estadual de créditos de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), oriundos de outros estados.
Para Francisco a questão do dólar subvalorizado e a taxação do wet-bue em 9% durante as exportações, são questões que o setor vem aprendendo a administrar nos últimos anos. “Tanto associados da AICSul como do CICB têm convivido com os 9% de sobretaxa de exportação e pensam que é necessário manter tal política de proteção da matéria-prima”, revela.
Expositores descontentes
Para o empresário Lauri Klaus a feira foi extremamente fraca. Apesar da China Trading ter tido bons contatos e de que a maioria das grandes empresas ter sido representada no evento, ele diz que cada empreendedor ou técnico que entrou nos pavilhões da Fenac teve uma impressão de que a atividade era composta por meia dúzia de estandes.
“Este público representa o futuro visitante das próximas edições da Courovisão e cada um que sair com um sentimento negativo daqui vai reproduzi-lo no mercado e tornar difícil a obtenção de uma imagem positiva da feira”, argumenta o empresário.
Com relação aos motivos da feira ser fraca, Klaus diz que a falta de harmonia entre a Fenac, os expositores e os interesses das entidades. Na opinião dele, não houve consenso. “Não houve nenhuma entidade que pudesse ser o elo de ligação entre essas divergências e neste caso não foi só a Fenac que desgastou a sua imagem em função do evento não ter sido vencedor, mas sim as entidades que regem o setor de componentes e couros e no final todo o setor”, entende.
Klaus ressalva que a partir do momento que existe a idéia de prospectar moda no Brasil, na opinião dele, isso não pode ser feito por imposição e sim de forma negociada e ajustada paulatinamente.
“Nós ainda não conseguimos convencer os brasileiros de que somos lançadores de moda, imagine se da noite para o dia poderemos estender tais conceitos para o mundo todo”, observa. Além disso, Klaus diz pensar que é preciso a união de todos para buscar um diferencial de moda e deixar de lado interesses pessoais e ir ajustando pouco a pouco a data correta.
Já o empresário Claudemir Lorenzi, da Berlonzi Confecções Ltda, empresa voltada a produção de couros com acabamento manual e artístico diz que a feira foi boa em nível de contatos, porém, analisa que neste período do ano os clientes já estão com os lançamentos da próxima estação definidos o que leva os expositores a pensarem que tal encontro do setor já deveria ter acontecido lá pelo final de agosto.
“Feira de lançamento de moda para o final de outubro nem pensar e se a Fenac e as entidades insistirem em 2008 nesta proposta poderão ser duramente penalizados”, acredita.