Debate entre cooperativas no programa Estação Hamburgo destaca exemplos de inovação social, sustentabilidade e fortalecimento do cooperativismo na região.
Na noite de 14 de agosto de 2025, o programa Estação Hamburgo, da Vale TV, reuniu representantes de cooperativas e do setor de crédito para discutir o impacto do cooperativismo na vida das comunidades do Vale do Sinos e da Serra.
Participaram do encontro Carolina Molina Reyes (Cooperativa Mundo Mais Limpo), Gabriela Riboli (Cooperativa Sicredi Pioneira), Júlio César Ramos (Cooperativa Univale) e o presidente da Sicredi Pioneira, Tiago Schmidt. O debate, mediado pelo apresentador Rodrigo Steffen, mostrou como iniciativas locais têm gerado renda, dignidade e inovação a partir de resíduos, inclusão social e novos modelos de negócio.
Reciclagem que gera dignidade
A Univale, com quase 20 anos de atuação e presença em Novo Hamburgo, São Leopoldo, Estância Velha e Esteio, nasceu da necessidade de sustento de famílias em vulnerabilidade. Hoje, com cerca de 100 cooperados, tornou-se referência em reciclagem de resíduos sólidos. Para além da coleta e triagem, a cooperativa se preocupa com a valorização humana: cortes de cabelo, oficinas desde criação de horta comunitária até informática e ações de bem-estar fazem parte da rotina.
Júlio César Ramos destacou que a Univale busca sempre inovação. “Não trabalhamos só com resíduos, mas com pessoas. Nossa maior missão é reciclar vidas, oferecendo dignidade e oportunidades”, afirmou.
Mulheres à frente da sustentabilidade
A Cooperativa Mundo Mais Limpo, sediada em São Leopoldo e integrada à rede regional, foi criada em 2007 por um grupo de mulheres em situação de vulnerabilidade. Inicialmente focada na produção de sabão a partir do óleo de cozinha usado, a cooperativa se reinventou e hoje também fabrica velas aromáticas, que já representam 50% do faturamento.
A tesoureira Carolina Molina Reyes, chilena radicada há 15 anos no Rio Grande do Sul, contou que a cooperativa nasceu como um espaço de resistência e empoderamento feminino. “Não queríamos apenas gerar renda, mas conquistar autonomia e voz. Hoje mostramos que resíduos podem virar oportunidade e transformação”, disse.
O papel do Sicredi e o programa AceleraCoop
A Sicredi Pioneira tem apoiado cooperativas por meio do programa AceleraCoop, que oferece capacitação, consultoria e mentorias para impulsionar negócios. A iniciativa já beneficiou grupos de reciclagem, motoristas, agricultores, professores e artesãs.
A assessora de inovação Gabriela Riboli destacou que o objetivo não é impor soluções, mas construir junto. “As próprias cooperativas identificam onde podem inovar. Nosso papel é apoiar para que avancem. No caso da Mundo Mais Limpo, por exemplo, a diversificação para as velas nasceu desse processo de aceleração”, explicou.
Segundo Gabriela, cada cooperativa acompanhada conseguiu ganhos concretos: aumento de faturamento, novos mercados e fortalecimento da gestão. “É um ciclo de prosperidade que se expande para além dos cooperados, impactando toda a comunidade”, acrescentou.
Cooperativismo que deixa legado
Para o presidente da Sicredi Pioneira, Tiago Schmidt, o cooperativismo é capaz de transformar indicadores sociais e econômicos. Ele citou pesquisa da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) mostrando que municípios com cooperativas de crédito registram maior PIB per capita, mais empregos e menos famílias em situação de pobreza.
“Não existe cooperativa rica em comunidade pobre. Nosso propósito é construir comunidades melhores, e isso só acontece juntos: colaboradores, associados, poder público e universidades. A cooperação não pode ser apenas em tempos de crise, deve ser permanente”, ressaltou.
Exemplos inspiradores e próximos passos
O debate também trouxe à tona histórias de inovação pelo país, como cooperativas de artesãs que reaproveitam couro em Novo Hamburgo e grupos do Nordeste que transformam couro de bode em produtos exportados. Essas experiências reforçam que a cooperação nasce muitas vezes em contextos de crise, mas se consolida como modelo de futuro.
Na avaliação dos convidados, o grande desafio é ampliar a conscientização do consumidor. “Cada compra é um voto de confiança. Ao escolher produtos e serviços de cooperativas, as pessoas fortalecem comunidades inteiras”, destacou Tiago Schmidt.
As lideranças presentes também projetaram novos caminhos, como a reabertura da loja da Univale em Novo Hamburgo e a expansão das velas da Mundo Mais Limpo para mercados nacionais. “Queremos crescer não para enriquecer individualmente, mas para incluir mais mulheres e famílias nesse processo de transformação”, afirmou Carolina Reyes.
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Debate realizado no dia 14 de agosto de 2025 no programa Estação Hamburgo, apresentado por Rodrigo Steffen.