O racha no MDB de Novo Hamburgo terminou na tarde desta sexta-feira, 8, com a renúncia do presidente, do primeiro vice e do tesoureiro da Executiva municipal. Deiwid do Amaral, que teria mandato até 2025, respondeu ofício ao presidente estadual, Fábio Branco, informando que ele, o vereador Inspetor Luz e Paulo Kopschina e estavam entregando os cargos. Também informam que se desfiliam do partido.
Na prática, os três perderam para a estratégia da prefeita Fátima Daudt, que no Dia Internacional da Mulher venceu a queda de braço e ficou com caminho aberto para indicar a candidatura de sua sucessão, a ex-prefeita de Dois Irmãos Tânia Terezinha da Silva. A renúncia aconteceu menos de 48 horas após reunião para tentativa de conciliação. Em outro momento, lideranças estaduais também conversaram com a prefeita Fatima Daudt.
Só que a saída dos três – que levaram junto alguns membros do Diretório – não foi voluntaria. Na quinta-feira, 7, Deiwid recebeu ofício da Estadual, informado que os caciques emedebistas acolheram “a sua disposição de oferecer seu cargo de presidente municipal para a construção de uma unidade partidária, se necessário fosse”.
O mesmo ofício diz que “se soma a disposição do companheiro histórico Paulo Kopschina de também abrir mão de sua candidatura em nome da unidade pleiteada pela Executiva Estadual e necessária para atingir os objetivos de sermos protagonistas na eleição municipal deste ano”.
O documento assinado por Fábio Branco ainda pede que a Executiva local autorize que seja indicado, entre os titulares do Diretório, o nome do novo presidente. Agradeceu e pediu que a resposta fosse dada em 24 horas, o que acaba de ocorrer.
Resposta fala em falta de diálogo
Na carta de renúncia e desfiliação, Deiwid e seus pares falam “que não há qualquer diálogo da maior liderança, no momento, em Novo Hamburgo, com o MDB, demonstrando total desprezo com a agremiação partidária, além da participação de emedebistas ser inexpressiva frente aos demais partidos que compõem a base de governo, sendo que o partido do qual fazia parte (PSDB) é ainda um dos maiores detentores de cargos.”
O ofício faz críticas à condução do processo eleitoral na cidade, “impondo candidaturas sem respeitar a soberania do Diretório”.
Tânia será oficializada pré-candidata
Natural de Novo Hamburgo, a profissão levou Tânia para Dois Irmãos. Lá ela fez carreira política ao se eleger vereadora e, ao se tornar prefeita – eleita e reeleita -, quebrou dois tabus: se tornou a primeira mulher e a primeira pessoa negra a assumir a prefeitura de um município de raízes germânicas.
Tânia retorna para Novo Hamburgo como presidente da Fundação de Saúde Pública e depois é nomeada assessora especial de gabinete da prefeita Fatima.
Kopschina defendia realização de prévias
Emedebista nato, ex-vereador, candidato a prefeito em duas oportunidades, Paulo Kopschina se dizia pré-candidato desde a eleição passada. Abria mão da condição caso o ficha 1 do MDB, o ex-prefeito de Campo Bom Giovani Feltes viesse. Mas Feltes não respondeu, o que levou Kopschina a manter sua pré-candidatura e defender a realização de prévias com a apresentação dos nomes de Tânia e também do advogado Ruy Noronha.
Como se sabe, prévias costumam dividir partidos. O MDB já estava rachado. Em busca de uma (re) união, a Executiva estadual interveio, buscou conciliação e “sugeriu” a renúncia do presidente Deiwid.
Uma mulher na presidência
Muito provável que uma mulher assuma a presidência do MDB hamburguense. Alinhada com a prefeita Fátima Daudt, a suplente de vereadora Andiara Zanella já integra a Executiva. É a favorita para ser nomeada pela Executiva Estadual.