Uma missão extremamente delicada e arriscada foi realizada pelos agentes do Grupamento de Defesa Ambiental (GDA) Ipson Pavani, da Guarda Civil Municipal (GCM) de São Leopoldo, no sábado, 11 de novembro. O Centro de Comando e Monitoramento (Cecom) foi acionado através do telefone 153 informando sobre a presença de uma cobra no pátio de uma residência no bairro Arroio da Manteiga. Pelas características do réptil foi verificado se tratar de uma cruzeira (Bothrops alternatus). O veneno dessa espécie é forte e a picada da cobra causa necrose na pele e pode levar à morte, senão tratada a tempo.
Os agentes fizeram o resgate e entraram em contato com o Zoológico Municipal de Canoas para saber a melhor forma de manejo da serpente. Através de imagens, foi identificada como sendo um exemplar adulto, tendo aproximadamente 110cm de comprimento. A médica veterinária do zoo, Ana Paula Morel, classificou o animal como um magnífico exemplar da espécie e alertou que pelo formato e volume da cauda, deve tratar-se de uma fêmea pronta para postura. Ela orientou que a serpente fosse conduzida para soltura em aérea bem afastada do centro urbano, à margem do Rio dos Sinos, onde é seu ambiente natural.
Equipamentos adequados e capacitação
Segundo o inspetor chefe do GDA, Emerson dos Anjos, os agentes possuem capacitação para a captura deste tipo de serpente peçonhenta. “Utilizamos os novos equipamentos recebidos em novembro do ano passado. Foi utilizada uma técnica de resgate e manejo de acordo com os conhecimentos que possuímos para a captura ser a mais segura possível tanto para a cobra quanto para os agentes em serviço”, esclareceu.
Dos Anjos fez um alerta para a população. “Nunca se deve tentar capturar um animal porque ele pode reagir de forma agressiva caso se sinta ameaçado, ainda mais se tratando de uma serpente venenosa. Nossa orientação é que façam contato imediatamente conosco através do telefone 153”, destaca.
Cobra Cruzeira (Bothrops alternatus)
Conforme dados do site Fauna digital do Rio Grande do Sul (www.ufrgs.br/faunadigitalrs) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) a Cruzeira é uma serpente peçonhenta, possui porte grande e de cauda curta. A dieta é composta de pequenos mamíferos, são vivíparas, quando ameaçadas acabam se enrolando, vibram a cauda e dão o bote. A peçonha pode causar acidentes fatais ou mutiladores se não forem tratados corretamente com o soro antibotrópico. Ela ocupa geralmente áreas abertas e úmidas, tem sua distribuição nas regiões centro-oeste, sudeste e sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. Tem hábito de vida diurna e noturna.
Crime ambiental
Outra orientação é não ferir nem matar o animal. Conforme o artigo 29 da lei 9.605/98, matar, perseguir, capturar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida gera detenção de seis meses a um ano e multa.
Acidentes com animais peçonhentos
A Secretaria Municipal da Saúde (Semsad) orienta que em casos de picadas de animais peçonhentos a pessoa seja levada imediatamente para o Hospital Centenário.
O que fazer em caso de acidente com animais peçonhentos
Procure atendimento médico imediatamente;
Informe ao profissional de saúde o máximo possível de características do animal, como: tipo de animal, cor, tamanho, entre outras;
Se possível, e caso tal ação não atrase a ida do paciente ao atendimento médico, lave o local da picada com água e sabão, mantenha a vítima em repouso e com o membro acometido elevado até a chegada ao pronto socorro;
Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, retire acessórios que possam levar à piora do quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados;
Não amarre torniquete no membro ferido e, muito menos, corte e/ou aplique qualquer tipo de substância (pó de café, álcool, entre outros) no local da picada;
Não tente “chupar o veneno”, essa ação apenas aumenta as chances de infecção local.
