Amanda Flóis celebra o audiovisual independente e o Festival CineSul, marca da Vivah Produtora, a primeira comandada por mulheres em São Leopoldo.
A cena cultural de São Leopoldo ganhou novo fôlego com a realização do Festival CineSul, o primeiro festival estadual de cinema itinerante promovido pela Vivah Produtora — um coletivo idealizado e liderado por mulheres da cidade. À frente da iniciativa está a artista, percussionista e produtora Amanda Vilanova Flóis Gonçalves, que compartilhou sua trajetória e os bastidores do projeto em entrevista ao programa Conversa de Peso, com Rodrigo Steffen, na Vale TV.
Com forte ligação com a cultura desde a infância, Amanda é filha da região e traz em sua história o envolvimento com música, teatro e audiovisual. Fundadora da Vivah Produtora — ao lado de Anita Coronel e Ally — ela liderou o CineSul, festival que movimentou quatro praças diferentes ao longo de quatro domingos com exibições de curtas, médias e longas-metragens produzidos por artistas independentes do Rio Grande do Sul.
“Foi um desafio enorme, mas conseguimos entregar algo muito maior do que esperávamos”, conta Amanda. Ao todo, foram mais de 60 filmes inscritos e 21 selecionados. A premiação final contou com 33 troféus entregues, incluindo categorias como melhor curta (“Florêncio Guerra e seu Cavalo”), melhor média (“O Ferrolho”), melhor animação (“Castilho e Alarmado”, de Pedro Hares) e melhor documentário (“Esclerosada Não é a Avó”).
O festival, que já nasce com caráter itinerante e estadual, tem planos de expansão, mas mantém raízes firmes em São Leopoldo. “A ideia é circular por outras cidades, sim, mas sem perder esse vínculo com a cidade que nos formou”, afirma Amanda.
Para além do CineSul
Além da produção cultural, Amanda também compartilhou sua trajetória como percussionista autodidata, iniciada em rodas de bar ao lado do irmão Kleber. Tocando inicialmente com um cajón, foi ganhando espaço e se apresentando em festivais como o MorroStock. Uma das viradas em sua carreira aconteceu no intercâmbio cultural no Uruguai, na cidade de Las Piedras, onde ela estreitou laços com outros artistas e ampliou sua musicalidade, incorporando ritmos como o cigano, o nativista e a música latina.
No teatro, Amanda participou da criação do espetáculo “Eu Mulher”, com o grupo Corpos e Sombras, colaborando com roteiro, atuação e trilha sonora. Com a chegada da pandemia, a peça deu origem ao curta experimental Efêmeros Passos, consolidando sua veia como atriz e compositora.
Apesar do protagonismo crescente, Amanda faz um alerta: “A cena cultural de São Léo ainda é muito fragmentada, especialmente na música, onde o machismo e a reserva de mercado ainda predominam”. Para ela, o caminho é seguir fazendo, ocupando espaços e mostrando que há outras formas possíveis de produção e construção artística.
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A Vivah Produtora é exemplo disso. A cada novo projeto, Amanda, Anita e Ally mostram que é possível romper barreiras e criar redes de apoio e criatividade com foco na diversidade, no protagonismo feminino e na descentralização cultural.
São Leopoldo segue reafirmando sua vocação como polo cultural do Vale do Sinos, agora com novas vozes, novos rostos e novas formas de fazer cinema.
Assista à entrevista completa com Amanda Flóis no programa Conversa de Peso
Entrevista para o programa Conversa de Peso, com Rodrigo Steffen.